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Líderes asiáticos ficam divididos sobre como administrar conflitos na China

Agência France-Presse
postado em 13/07/2012 12:59
Ministros das Relações Exteriores da China, Yang Jiechi, e do Camboja, Hor Namhong, conversam na reunião da ASEAN
Phnom Penh - Os dez países do sudeste asiático concluíram nesta sexta-feira (13/7) em Phnom Penh, no Camboja, uma reunião na qual não conseguiram entrar em acordo sobre a forma de administrar os conflitos territoriais com a China.

Pequim, que não forma parte da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), foi o centro das negociações, pela atitude agressiva que, segundo seus vizinhos, mostra em relação às várias ilhas disputadas no Mar da China Meridional. Após um encontro cheio de tensão, segundo um funcionário americano presente na capital cambojana, os ministros das Relações Exteriores da ASEAN se separaram sem publicar um comunicado final.

As Filipinas, o país do bloco que, junto com o Vietnã, mantém as relações mais tensas com a China, criticou o fracasso da reunião e destacou que a falta de um comunicado final "não tem precedentes nos 45 anos de existência da ASEAN". Pequim e Hanoi disputam os arquipélagos das Paracelso e das Spratleys, que podem ter grandes reservas de hidrocarbonetos e se situam em importantes vias marítimas internacionais.

As Spratleys também são reivindicadas, em parte ou em sua totalidade, por Filipinas, Brunei, Malásia e Taiwan. Manila insistiu que a declaração comum mencionasse os recentes incidentes em torno do arrecife de Scarborough, reivindicado por China e Filipinas. Mas, segundo fontes diplomáticas, o país organizador, Camboja, que precisa do apoio econômico chinês, impediu deliberadamente qualquer menção a incidentes específicos.

A delegação filipina manifestou ao Camboja sua "indignação" e considerou que estas divisões minavam os acordos estabelecidos previamente para solucionar as disputas territoriais de forma solidária, "e não de maneira bilateral", como prefere a China. O ministro cambojano das Relações Exteriores, Hor Namhong, lamentou as divisões, mas sustentou que não podia aceitar "que o comunicado conjunto fosse prisioneiro do problema bilateral" entre Manila e Pequim.

[SAIBAMAIS]Segundo os analistas, estas divisões podem "contaminar" as futuras negociações entre o bloco, integrado por dez países, e a China sobre o "código de conduta" negociado há uma década. O objetivo deste texto é evitar que os incidentes de barcos pesqueiros ou acerca dos direitos de navegação e de exploração petroleira desencadeiem conflitos. No entanto, até o momento não houve consenso sobre os termos concretos do acordo.



Os chanceleres da ASEAN se reuniram em Phnom Penh com seus homólogos asiáticos e dos Estados Unidos. A secretária americana de Estado, Hillary Clinton, defendeu um avanço no "código de conduta", que a ASEAN quer concluir até o fim do ano. A China, por sua vez, sempre privilegiou a negociação bilateral como método para resolver as divergências territoriais, e repetiu na quinta-feira que iniciará as negociações sobre o "código de conduta" apenas no "momento oportuno".

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