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Presidente tunisiano afirma que seu país não é dominado pelo islamismo

Agência France-Presse
postado em 13/07/2012 19:12
Cártago - O presidente da Tunísia, Moncef Marzouki, negou em uma entrevista concedida que seu país esteja se orientando para o islamismo e afirmou que o movimento Ennahda é um sócio de governos democráticos.

Ao analisar a possibilidade de os islamitas representarem uma ameaça para a Tunísia, Marzouki considerou que o salafismo, um ramo radical do islamismo, é "prejudicial, mas nem tanto a ponto de colocar em perigo a república".

"Quando os salafistas tentaram aumentar um pouco a tensão, com o pretexto do insulto à religião, acabaram voltando atrás porque se deram conta de que as forças de segurança estavam decididas impedir aquilo", acrescentou.

Em meados de junho, a chamada "Primavera das Artes" desencadeou confrontos em várias cidades tunisianas, quando o islamitas consideraram que obras como um quadro que representava uma mulher semi-nua com homens barbudos atrás dela ou com um rosto de um salafista furioso eram um "atentado contra o sagrado".

O Estado tunisiano apontou diretamente "grupos extremistas" como responsáveis por essa onda de violência, mas também lamentou as "provocações" dos artistas, que teriam exaltado os ânimos, acusação que provocou críticas da comunidade artística.

Marzouki, um opositor histórico do ex-presidente Zine El Abidine Ben Ali que viveu na França, considerou que os ataques de meados de junho contra uma exposição de arte haviam sido efetuados por jovens do "setor mais pobre" da sociedade e que "a miséria sórdida gera este tipo de condutas".

Também afirmou que a Tunísia não era governada pelos islamitas do Ennahda, partido majoritário, que é aliado dos movimentos de centro-esquerda, o Congresso para a República (CPR), de Marzouki, e do Ettakatol. "Afirmar que a Tunísia é governada por islamitas é uma aberração. A Tunísia é governada por uma coalizão (...) na qual os sócios laicos têm tanto peso como o aliado islamita", disse.

Além disso, "o Ennahda é composto por pessoas que nós, de alguma forma, convertemos, entre aspas, à democracia nos anos 1980 e 1990", explicou, comparando essa formação a um "partido democrata-cristão na Europa".

[SAIBAMAIS]Marzouki negou as acusações sobre uma suposta tentativa do governo de controlar a imprensa. "Nunca na história da Tunísia tivemos uma imprensa tão livre", disse. "A Tunísia é um verdadeiro país democrático" e até os insultos contra ela mostram isso, considerou Marzuki. "Embora as caricaturas às vezes sejam injustas (...), fico feliz que façam essas caricaturas minhas porque mostram que não estamos mais em uma ditadura", acrescentou.

Marzouki, que visitará a França entre 17 e 19 de julho, disse que em sua visita vai tentar superar tensões com esse país devido à atitude de Paris em relação à revolução de 2011 que causou a queda do então presidente Ben Ali.



O mandatário se referiu à proposta de cooperação em matéria de segurança feita pela então chanceler francesa Michele Alliot-Marie ao governo de Ben Ali, que enfrentava a mobilização popular contra seu governo.

Após as derrotas eleitorais de Nicolas Sarkozy e de seu partido UMP (direita) e depois da eleição do socialista François Hollande e da vitória dos socialistas nas eleições legislativas, "o ambiente psicológico ficou muito melhor", considerou o atual mandatário tunisiano.

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