Agência France-Presse
postado em 18/07/2012 10:38
Damasco - O ministro sírio da Defesa, Daud Rajha, e o cunhado do presidente Bashar Al-Assad, Asef Shawkat, morreram nesta quarta-feira (18/7) em um atentado suicida na sede da Segurança Nacional no centro de Damasco, que deixou, além disso, feridos o ministro do Interior, Mohamed Ibrahim al-Shaar, e vários oficiais do regime.
O ministro Rajha é o primeiro alto dirigente do regime sírio que morre dede o começo da revolta contra o regime Assad, em março de 2011. A explosão foi realizada por um camicase munido de um cinturão de explosivos e aconteceu poucas horas depois de uma votação no Conselho de Segurança da ONU sobre uma resolução que ameaça a Síria com novas sanções. "O general Daud Rajha caiu como mártir no atentado terrorista contra o edifício da Segurança Nacional", anunciou a televisão estatal. Chefe adjunto do Exército, o general era de confissão cristã.
Segundo o canal, o atentado aconteceu durante uma reunião de ministros e dirigentes da segurança. O alvo do atentado foi o ultraprotegido prédio da Segurança Nacional, símbolo da repressão, localizado no bairro de Rawda, centro da capital. Fontes da segurança afirmaram que vários feridos, entre os quais o ministro do Interior, Mohamed Ibrahim al Shaar, foram levados para o hospital Al Shami na capital.
"O Estado e todas suas instituições estão sendo atacados. É uma guerra aberta contra todos os sírios", comentou um deputado, Khaled al Abbud. "Há elementos exteriores que atuam para a destruição do Estado sírio", acrescentou, acusando os Estados Unidos e seus "instrumentos" no interior do país. Na véspera, os rebeldes sírios lançaram a chamada "batalha pela libertação" de Damasco, onde violentos combates foram travados com a entrada em ação pela primeira vez dos helicópteros do Exército, intensificando ainda mais a violência, que deixou pelo menos 86 pessoas mortas em todo o país.
[SAIBAMAIS]Em Moscou, o emissário internacional Kofi Annan, que tenta ressuscitar o seu plano de paz, afirmou que a violência na Síria chegou a um "ponto crítico", após a Cruz Vermelha Internacional ter classificado o conflito armado de "guerra civil". A Rússia, principal aliada do regime de Assad, bloqueou todas as resoluções na ONU que condenavam a repressão. Em Nova York, as negociações sobre um novo mandato dos observadores na Síria enfrentam um impasse. Os ocidentais insistem na aprovação de uma resolução que ameace o regime com sanções, enquanto a Rússia rejeita essa possibilidade.
Segundo o chanceler russo Serguei Lavrov, que classificou os combates que acontecem neste país de decisivos, declarou nesta quarta-feira que a Rússia não permitirá que o Conselho de Segurança adote uma resolução que implique apoio da ONU a uma ;revolução; na Síria. "Neste momenti, ocorrem combates decisivos na Síria. E a adoção de uma resolução (ocidental) seria um apoio direto a um movimento revolucionário. Se é uma revolução, a ONU não tem nada a ver com isso", declarou Lavrov. Iniciada em março de 2011, a revolta popular, violentamente reprimida pelo regime, degenerou em conflito armado entre soldados e rebeldes. Mais de 17.000 pessoas morreram no país em 16 meses, segundo o OSDH.