Mundo

Criminoso nazista é colocado em prisão domiciliar por decisão judicial

Agência France-Presse
postado em 18/07/2012 13:59

Budapeste - O criminoso de guerra nazista mais procurado do mundo, o húngaro Laszlo Csatary, de 97 anos, ficará, por decisão do juiz, em prisão domiciliar, acusado de ter participado da deportação de 15.700 judeus em direção ao campo de concentração nazista de Auschwitz, na Polônia, de 1941 a 1944, indicou seu advogado.

"Ele ficará em prisão domiciliar por 30 dias", afirmou seu advogado Gabor Horvath. Csatary foi detido na madrugada desta quarta-feira (18/7) e "disse não ser culpado", argumentando que "obedeceu a ordens", indicou o procurador de Budapeste, Tibor Ibolya. O advogado não quis dar o endereço do local onde Csatary ficará em prisão domiciliar, limitando-se a afirmar à imprensa que se tratava de um dos dois apartamentos da capital húngara já conhecidos pelos jornalistas.

Na saída do Tribunal Militar de Budapeste, vestido com um casaco cinza e com um saco plástico nas mãos, Laszlo Csatary parecia em forma e aparentava ser muito mais jovem que seus 97 anos. Foi embora em um carro com duas pessoas que foram buscá-lo no tribunal. Devido ao fato de a acusação ser de "crimes de guerra", Laszlo Csatary foi interrogado por um juiz militar que poderia acusá-lo ao término da audiência, informou o procurador durante uma coletiva de imprensa

"Levando-se em conta a gravidade dos fatos, mas também diante da necessidade de respeitar a presunção de inocência e, devido a sua idade, de vigiar sua saúde", o procurador Tibor Ibolya considerou que, no caso do suspeito, "a prisão domiciliar era o apropriado".

"Essa medida implica que a polícia detenha seu passaporte", acrescentou. "O suspeito encontra-se em bom estado de saúde física e mental. É cooperativo. Estava surpreso, mas supunha que seria interrogado", acrescentou o procurador. Por sua vez, Tibor Ibolya indicou que "a procuradoria não tinha informação sobre uma eventual rede que teria ajudado o suspeito".

Na saída do Tribunal Militar de Budapeste, vestido com um casaco cinza e com um saco plástico nas mãos, Laszlo Csatary parecia em forma e aparentava ser muito mais jovem do que seus 97 anos. Foi embora em um carro com duas pessoas que foram buscá-lo no tribunal.

Csatary, cujo nome completo é Laszlo Csizsik-Csatary, foi interrogado por um juiz com base em uma eventual acusação por "crimes de guerra", indicou o procurador.

"Ele nega ser culpado de crimes pelos quais é acusado", afirmou Tibor Ibolya. "Um de seus argumentos em sua defesa é que ele estava obedecendo ordens".

Laszlo Csatary era o chefe de polícia do gueto judeu da cidade eslovaca de Kosice, no qual 15.700 judeus foram assassinados ou levados ao campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia, durante a ocupação da antiga Tchecoslováquia pela Alemanha nazista.

Laszlo Csatary vivia tranquilamente em Budapeste há 17 anos com sua verdadeira identidade e apesar das informações sobre seus antecedentes terem sido transmitidas à justiça húngara há mais de dez meses pelo Centro Simon Wiesenthal, baseado em Jerusalém.

Segundo os documentos de arquivo desse centro, Csatary tratou cruelmente os judeus do gueto, espancando as mulheres e obrigando-as a cavar trincheiras com as mãos.

[SAIBAMAIS]Antes de voltar a Budapeste, Csatary, condenado à morte à revelia em 1948 pela Tchecoslováquia, refugiou-se no Canadá, nas cidades de Montreal e Toronto, onde viveu com uma identidade falsa. Em 1995, as autoridades canadenses descobriram a sua verdadeira identidade, mas o homem em questão já havia fugido para a Hungria.

Antes de sua fuga, havia reconhecido perante os investigadores canadenses sua participação na deportação de judeus, embora tenha informado que seu papel era limitado.

Em abril, o Centro Simon Wiesenthal, nome do famoso caçador de nazistas, um judeu austríaco que morreu em 2005 e cujas investigações em todo o mundo permitiram a descoberta de dezenas de criminosos nazistas, colocou Laszlo Csatary no topo da sua lista de criminosos de guerra nazistas mais procurados do mundo.


Alimentados por informações fornecidas pelo Centro, repórteres do jornal britânico The Sun descobriram o paradeiro do antigo chefe da polícia e conseguiram encontrá-lo. A revelação foi feita na edição de domingo, dia 15 de julho, no site do The Sun. Csatary havia dito aos repórteres: "Eu não fiz nada, saiam daqui", antes de bater a porta na cara deles.

Desde então, Csatary não respondia. Csatary é considerado o criminoso nazista "mais procurado" porque atualmente há poucos foragidos e vivos. "Todos têm mais de 90 anos", indicou Serge Klarsfeld, presidente da Associação de Filhos e Filhas de Deportados Judeus da França, acrescentando que não estava certo sobre se haveria "uma ação judicial com este governo conservador" do primeiro-ministro húngaro Viktor Orban.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação