Rodrigo Craveiro
postado em 19/07/2012 08:49
As emissoras de tevê do regime passaram a transmitir canções patrióticas. O som de rojões ecoou em várias cidades e as comemorações se estenderam até Trípoli, no Líbano. Um único golpe, preciso e letal, havia acabado de aniquilar parte do círculo mais íntimo do ditador Bashar Al-Assad. ;O vulcão entrou em erupção. O núcleo do regime foi infiltrado;, anunciou um morador de Damasco, por meio do microblog Twitter. Às 11h10 (5h10 em Brasília), a reunião do gabinete de crise foi alvo de uma explosão que atingiu o quartel-general da Segurança Nacional, na Praça Rawda, no bairro central de mesmo nome. O ataque matou o ministro da Defesa sírio, Dawood Rajha; seu vice, Assef Shawkat (cunhado de Al-Assad); o general Hasan Turkmani, conselheiro de segurança; e o ministro do Interior, Mohammed Ibrahim Al-Shaar. Até o fechamento desta edição, o chefe da segurança nacional, Hisham Bekhtyar, lutava pela vida no hospital, após perder uma das pernas.
O atentado teria sido cometido por um terrorista suicida que portava um cinturão de explosivos ; aparentemente, o guarda-costas de uma das autoridades presentes na reunião. No entanto, existe outra versão, segundo a qual a carga de trinitroglicerina e de C-4 teria sido instalada dentro do prédio por um militante do Exército Sírio Livre (ESL).
[SAIBAMAIS]A milícia, braço armado do Conselho Nacional Sírio (CNS), assumiu a autoria, por meio de seu porta-voz, Qassim Saadedine. ;Este é o vulcão sobre o qual falávamos, nós apenas começamos;, admitiu ele, em referência à ;Operação Vulcão de Damasco e Terremotos da Síria;, lançada anteontem. Um guerrilheiro do ESL explicou ao Correio como ocorreu a preparação para o ataque (leia o depoimento). O grupo islâmico Liwa Al-Islam (;A Brigada do Islã;, em árabe) também reivindicou a responsabilidade, por meio de um comunicado divulgado em sua página no site de relacionamentos Facebook. ;Atingimos a célula chamada de sala de controle de crise, na capital Damasco;, afirmou.
Depoimento Disfarce e precisão
; Huthaifa*
;Nós planejamos a operação de hoje (ontem) há cerca de dois meses. Tudo dependia da inteligência e de pessoal disfarçado dentro do QG da Segurança Nacional. Tentamos implementá-la por três vezes, mas não havíamos obtido sucesso. Os alvos eram membros da célula de crise, que trabalha para suprimir a revolução. O ataque não foi documentado por meio de vídeo ou áudio. Alguns de nossos homens colocaram explosivos no teto da sala. Tudo foi monitorado por uma sala de reunião do Exército Sírio Livre, em um órgão da segurança interna, situado em uma casa na Praça Rawda. O explosivo foi detonado por controle remoto, após confirmarmos a presença dos alvos ali. Com a detonação, o teto ruiu e eles morreram sob os escombros. Nossa operação dará ímpeto às forças da revolução e ao Exército Sírio Livre. Ela marcará um racha no Exército (de Al-Assad) e o início de uma completa ruptura de sua gangue criminosa.;
Diretor do Departamento de Mídia do Comando Militar do Exército Sírio Livre (ESL) em Damasco
*Codinome do militante