Agência France-Presse
postado em 19/07/2012 14:28
Burgas, Bulgária - Sete pessoas, incluindo um camicase, morreram e 32 ficaram feridas na quarta-feira (18/7) no primeiro atentado contra israelenses cometido na Bulgária, no aeroporto de Burgas, e atribuído por Israel ao Irã em uma ação conjunta com o Hezbollah libanês.O ministro búlgaro do Interior, Tsvetan Tsvetanov, afirmou nesta quinta-feira durante uma coletiva de imprensa realizada no aeroporto de Burgas, às margens do Mar Negro, que sete pessoas morreram, cinco das quais israelenses, revisando assim a cifra de oito mortos, com seis israelenses mortos, anunciada anteriormente. "Descobrimos que os mortos são sete, e não oito: cinco cidadãos israelenses, o motorista búlgaro do ônibus e o camicase", declarou.
Uma israelense, cuja morte havia sido anunciada no hospital de Burgas pelo embaixador de Israel, continua viva na unidade de terapia intensiva, retificou o ministro. Trinta e um israelenses ficaram feridos neste atentado, dois dos quais encontram-se em coma. Um 32; ferido ainda não foi identificado. Os três feridos em estado mais grave foram transferidos a um hospital de Sofia. "A explosão foi provocada por um homem que morreu no atentado e cuja identidade exata não foi estabelecida. Seu documento de viagem era uma falsa carteira de motorista emitida no estado de Michigan", nos Estados Unidos, indicou o ministro. "O camicase, vestido com um short e carregando uma mochila, parecia ser mais um turista. Deixou sua mochila no compartimento para a bagagem do ônibus, onde ocorreu a explosão", informou o ministro.
Um vídeo do homem suspeito de ser o terrorista suicida responsável pelo atentado foi divulgado nesta quinta-feira pelo governo búlgaro, que afirmou ter suas impressões digitais."Trata-se de alguém que não chama mais a atenção do que qualquer outro turista. O homem tem cerca de 36 anos. Temos suas impressões digitais e estamos fazendo testes para obter o DNA", disse Tsvetanov. O vídeo mostra um homem branco com longos cabelos loiros - que poderiam ser uma peruca - caminhando no aeroporto onde ocorreu o atentado vestido com uma camiseta azul, shorts, tênis brancos, um boné de beisebol e com óculos escuros.
[SAIBAMAIS]Este atentado tinha como alvo um ônibus que transportava os turistas israelenses que saíam de seu avião fretado procedente de Israel com 154 pessoas a bordo e que se dirigiam ao terminal do aeroporto. Depois, estes israelenses viajariam ao balneário de Slanchev Briag, ao norte de Burgas. O aeroporto de Burgas está fechado desde que o atentado foi cometido, na tarde de quarta-feira, e o tráfego aéreo é desviado para o aeroporto de Varna, também junto ao Mar Negro, mas será reaberto na noite desta quinta-feira, indicou Tsvetan Tsvetanov.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou o Irã pelo atentado, denunciando "uma ofensiva terrorista iraniana". "Todos os sinais conduzem ao Irã", declarou em um comunicado. E nesta quinta-feira declarou em uma coletiva de imprensa que o ataque suicida no aeroporto foi realizado pelo grupo xiita libanês Hezbollah em conjunto com o Irã."O atentado de ontem na Bulgária foi realizado pelo Hezbollah, o principal agente terrorista do Irã", declarou em uma coletiva de imprensa.
Anteriormente, o ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, já havia afirmado à rádio pública de Israel que "o atentado de Burgas foi realizado por ativistas do Hezbollah e dirigido pelo Irã". O Irã negou nesta quinta-feira as acusações de envolvimento no incidente e disse condenar "qualquer ato terrorista", segundo o porta-voz do ministério iraniano das Relações xteriores, Ramin Mehmanparast. "A República Islâmica do Irã, que é a maior vítima do terrorismo, considera que colocar em perigo a vida de inocentes é (...) um ato desumano e o condena energicamente", declarou o porta-voz, segundo a rede de televisão iraniana em língua árabe Al Alam. "A posição do Irã é condenar qualquer ato terrorista no mundo", acrescentou.
Este ataque coincidiu exatamente com o 18; aniversário do atentado cometido em 1994 contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), em Buenos Aires, que deixou 85 mortos e 300 feridos, também atribuído ao Irã por Israel. Trata-se do primeiro atentado contra israelenses cometido na Bulgária.