Havana - Rosa María Payá, filha do dissidente cubano Oswaldo Payá, responsabilizou nesta terça-feira (24/7) o governo de Raúl Castro pela "integridade física" de sua família, e disse que deseja esclarecer os acontecimentos e buscar justiça pelo acidente de carro em que seu pai morreu no domingo.
"Por respeito ao meu pai e ao meu amigo Harold (Cepero Escalante, também morto na batida), tenho o dever, eu responsabilizo o governo cubano pela integridade física de meus dois irmãos, de minha mãe e de toda minha família", disse Rosa María no funeral de seu pai, diante de aproximadamente 200 pessoas.
A jovem, de 23 anos, destacou que seus temores se devem às constantes ameaças contra a vida de seu pai e de sua família. "Aqueles que têm nos acompanhado durante todos estes anos sabem que é verdade o que digo", completou.
Oswaldo Payá faleceu no domingo perto de Bayamo, 744 km a sudeste de Havana, quando o carro em que viajava com Escalante e dois ativistas políticos estrangeiros saiu da estrada e se chocou contra uma árvore, segundo as autoridades.
A família de Payá questiona as circunstâncias do acidente e afirma que outro veículo tirou o carro do opositor do caminho.
[SAIBAMAIS]"Esclareceremos e buscaremos justiça sobre a violenta morte de meu pai e de nosso jovem amigo Harold", disse a jovem no altar da Paróquia de El Cerro, onde foi realizado o velório de seu pai, uma exceção dentro das normas da Igreja, que permite apenas que religiosos sejam velados nos templos.
"Não buscamos vingança. Não fazemos isso por ódio porque, como meu pai dizia (...), não temos ódio no coração, e sim sede de verdade e desejos de libertação", acrescentou.
As duas testemunhas do acidente, o espanhol Carromero Barrios e o sueco Jens Aron Modig, ambos de 27 anos e levemente feridos na ocasião, não falaram publicamente sobre o episódio.
Carromero, que conduzia o veículo, está detido em Bayamo para prestar depoimento à polícia desde segunda-feira após sua saída do hospital.