Agência France-Presse
postado em 28/07/2012 19:27
Beirute - Os combates em Aleppo (norte da Síria) deram uma pausa neste sábado à noite, após uma forte ofensiva das tropas sírias contra os rebeldes, mas os bombardeios vindos do exército continuam, disseram os guerrilheiros de uma ONG."O ataque contra (o distrito de) Salaheddine parou e seguimos com o exército regular até o bairro de Hamdaniye", mais a oeste, disse à AFP o chefe do conselho militar de Aleppo, o coronel Abdel Jabbar al-Oqaidi, por telefone.
Salaheddine, que "conta com o maior número de rebeldes", segundo Rami Abdel Rahman, presidente do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), era neste sábado o principal bloco da grande ofensiva lançada pelo exército.
"O fato de os soldados não continuarem avançando em Salaheddine não significa necessariamente uma retirada, pois a estratégia das forças regulares consiste em bombardear para provocar um êxodo e depois lançar um ataque ainda mais feroz", disse Rahman neste sábado à AFP ao anoitecer.
Segundo o coronel Oqaidi, o ataque foi interrompido, mas os disparos da artilharia e dos helicópteros prosseguem, destacando que "doze horas depois começo do ataque, o exército regular não pôde fazer nada na zona".
"A tática do Exército Sírio Livre (ESL, rebeldes) consiste em mover-se de bairro em bairro, ou seja, controlar um bairro e limpá-los dos membros dos serviços de segurança e das chabihas (milícias partidárias do regime), antes de passar a outro", explicou.
"Chegamos a nos apoderar de um grande número de armas das tropas regulares, lançaremos um ataque total para a libertação de Aleppo", disse o coronel.
[SAIBAMAIS]No sábado pela manhã, um dilúvio de fogo caiu sobre Aleppo, bombardeada e metralhada por helicópteros das forças do regime de Bashar al-Assad, que tenta controlar a capital econômica do país, devastado há mais de 16 meses por uma revolta popular que se militarizou ante a repressão.
Ao menos 29 pessoas - dez soldados, oito rebeldes e onze civis - morreram desde o início da ofensiva, segundo o OSDH, que anunciou neste sábado que a cifra de mortos chegou à casa dos 20.000 desde o início dos protestos contra Bashar al-Assad em março de 2011, dos quais 14.000 são civis.
Ocidente contra Rússia
Vários países ocidentais e a ONU expressaram sua preocupação frente à perspectiva desta ofensiva. Washington evocou a possibilidade de um novo "massacre" neste país, que já viveu 16 meses de violência.
O presidente francês, François Hollande, pediu uma intervenção rápida do Conselho de Segurança, e chamou Moscou e Pequim para que levem em consideração que será o caos e a guerra civil na Síria caso Bashar al-Assad não seja contido.
Contudo a Rússia, aliada do regime sírio, disse que não era "realista" esperar que o regime de Damasco fique de braços cruzados enquanto os rebeldes ocupam Aleppo, capital econômica do país com 2,5 milhões de habitantes, conforme afirmou o ministro russo de Relações Exteriores, Serguei Lavrov, deixando em evidência uma vez mais as divergências com o Ocidente sobre a crise síria.