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Cuba abre processo penal contra espanhol envolvido em acidente com opositor

Agência France-Presse
postado em 31/07/2012 13:35
O opostiro cubano Oswaldo Payá morreu em um acidente automobilístico. O espanhol Angel Carromero, que dirigia o carro, pode ser condenado a uma pena de 10 anos de prisãoHavana - Cuba abriu um processo penal por homicídio contra o espanhol Angel Carromero, que dirigia o carro acidentado no qual morreu o opositor cubano Oswaldo Payá no dia 22 de julho, e permitiu que o sueco Jens Aron Moding volte ao seu país, apesar de ter infringido sua "condição migratória", informou nesta terça-feira (31/7) o jornal oficial Granma.

"O espanhol Ángel Carromero Barrios é acusado de homicídio quando conduzia um veículo em uma via pública. Ao sueco Jens Aron Modig foi permitido retornar ao seu país, apesar das atividades ilegais que realizou e da violação de sua condição migratória", disse o jornal. Isso significa que Havana não pretende julgar os dois europeus por terem desenvolvido atividades políticas ilegais na ilha, o que implicaria penas de até 20 anos de prisão.

A Suécia confirmou pouco depois a autorização concedida por Cuba para que Modig possa viajar. Modig partiu na noite de segunda-feira do centro da Agência de Migrações em Havana, onde estava detido, e já chegou à Europa. Os dois europeus disseram na segunda-feira que a colisão do automóvel contra uma árvore em uma estrada perto de Bayamo (sudeste) foi um simples acidente, sem a participação de outro veículo, como havia afirmado a família de Payá. Outra vítima fatal do acidente foi o opositor cubano Harold Cepero, de 31 anos.

[SAIBAMAIS]Carromero, de 27 anos e dirigente do braço jovem do direitista Partido Popular da Espanha, conduzia o carro e pode ser condenado a uma pena de 10 anos de prisão. Ele está detido em Havana. Modig, também de 27 anos e líder da juventude Democrata Cristã da Suécia, negou ter enviado mensagens de texto por seu celular denunciando uma manobra agressiva de outro veículo na estrada antes do acidente, como havia afirmado Rosa María Payá, filha do dissidente morto.



Os dois estrangeiros entraram em Cuba no dia 19 de julho com visto de turismo com o propósito de apoiar e entregar dinheiro a Payá, Prêmio Sakharov 2002 do Parlamento Europeu e líder do ilegal Movimento Cristão Libertação cubano, segundo declarações que o sueco entregou na segunda-feira à imprensa em Havana. O governo cubano divulgou na sexta-feira um relatório que afirmava que o carro bateu porque Carromero dirigia numa velocidade excessiva e freou bruscamente quando entrou num trecho da estrada que carecia de pavimento. A viúva do opositor morto, Ofelia Acevedo, rejeitou o relatório oficial do acidente e criticou o fato de não ter tido acesso às testemunhas.

"Rejeito este relatório, porque é oficial, do governo de Cuba, e porque não tive acesso às informações que eles dizem possuir. Não tenho por que acreditar nesta versão", declarou Acevedo. Washington havia exigido uma investigação a fundo e transparente sobre as circunstâncias do acidente com Payá, cuja morte provocou consternação nos Estados Unidos, América Latina e Europa.

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