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Atentado que matou 42 no Iêmen suscita temores sobre retorno da Al-Qaeda

Agência France-Presse
postado em 05/08/2012 09:36
Aden - O atentado suicida que matou no último sábado (4/8) ao menos 42 pessoas na cidade de Jaar, alguns dias depois de outro ataque contra o exército, aumenta os temores sobre um retorno da Al-Qaeda aos centros urbanos do sul do Iêmen, onde as autoridades pedem a mobilização das forças de segurança.

Além dos 42 mortos, ao menos 37 pessoas ficaram feridas na noite de sábado no atentado contra milicianos do exército atribuído à Al-Qaeda, indicaram neste domingo fontes hospitalares e da administração local.

O atentado foi realizado durante uma cerimônia de luto organizada em memória de uma pessoa próxima ao chefe destes milicianos em Jaar, antigo bastião da Al-Qaeda, que ajudaram o exército em sua ofensiva contra os membros da rede extremista (de meados de maio a meados de junho). Vinte e quatro dos falecidos foram transportados ao hospital Razi de Jaar, indicou um funcionário do estabelecimento, enquanto 12 feridos morreram em três hospitais de Aden, de acordo com fontes médicas.

Seis falecidos foram recolhidos no local do atentado e depois enterrados por seus parentes, indicou à AFP Mohsen Ben Jamila, um funcionário da administração local de Jaar. Os 37 feridos estão internados em hospitais de Jaar e Aden, indicou Ben Jamila e fontes hospitalares. O atentado foi um ato "criminoso e covarde" realizado por "um camicase da Al-Qaeda que acionou seu cinturão de explosivos em uma cerimônia de luto dos Comitês de Resistência Popular", uma unidade militar, segundo Jamal al-Aqal, o governador da província de Abyan, da qual Jaar depende.



O atentado aumenta os temores de um retorno da Al-Qaeda a Jaar e a outras cidades e localidades de Abyan, de onde a rede foi expulsa pela ofensiva do exército na qual morreram centenas de pessoas.

O ataque ocorre quatro dias depois de outro, também atribuído à Al-Qaeda, contra um posto de polícia em Jaar, no qual morreram quatro soldados e um civil. Este primeiro ataque já levantou o temor de um retorno da Al-Qaeda nestas cidades e muito habitantes hesitam em voltar para suas casas por medo de se verem envolvidos em um ciclo de violência.

Para Naser Abdallah Mansari, chefe-adjunto da administração local em Jaar, as autoridades nacionais têm parte da responsabilidade no atentado por não mobilizarem mais policiais na cidade. "Jaar e outras cidades de Abyan não têm nenhuma presença policial e os elementos da Al-Qaeda seguem aqui clandestinamente", disse à AFP.

"Espero outros ataques espetaculares da Al-Qaeda, que quer se vingar dos Comitês de Resistência Popular, e enquanto houver um vazio de segurança a situação só vai piorar", segundo ele. A rede extremista se aproveitou da debilidade do poder central na zona durante a insurreição popular em 2011 contra o ex-presidente Ali Abdullah Saleh para reforçar seu controle do leste e do sul do Iêmen.

Os insurgentes tentam se reunir nas províncias próximas a Abyan, mas são perseguidos pelas autoridades. No sábado, cinco deles morreram no ataque de um avião não tripulado (drone) provavelmente americano quando viajavam de carro pelo povoado de Hadramut, no leste do Iêmen, indicou à AFP um funcionário local.

Os Estados Unidos realizaram nos últimos meses ataques contra a Al-Qaeda no sul e no leste do país.

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