Bogotá - O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, completa na terça-feira (7/8) metade de seu mandato com a popularidade em baixa, frente a uma crescente percepção de que a guerrilha se fortalece, apesar de o presidente ter falado em paz pela primeira vez em uma década.
O presidente ostentava um índice de popularidade de pouco mais de 70% há um ano, que caiu para cerca de 45% atualmente. "Tem sido difícil explicar e aplicar a nossa estratégia de segurança. Está relacionada a entrarmos nos lugares onde os guerrilheiros têm estado nos últimos 45 anos. Isso gera uma série de reações que provocam a sensação de insegurança (...) e isso tem um efeito sobre a psicologia das pessoas", declarou Santos, um economista de 61 anos, várias vezes ministro.
[SAIBAMAIS]Ao mesmo tempo, Santos pretende trazer paz para a Colômbia, e tem tomado algumas iniciativas neste sentido, como a aprovação de uma lei para devolver as terras usurpadas pela violência e uma lei para futuras negociações com os guerrilheiros. "Acabar com este conflito seria um sonho tornado realidade e espero que as circunstâncias sejam dadas para podermos dizer que este objetivo foi alcançado", assegurou o presidente.
"Eu tenho alguns planos, tenho uma direção, tenho um porto de destino, estou navegando para chegar a este porto. Às vezes acontecem tempestades, ventos desfavoráveis. Mas meu plano é claro, eu sei o que quero fazer com este país, tenho claro os meus objetivos e vamos conseguir alcançá-los", reafirmou na entrevista concedida e BBC Mundo.
O cientista político Fernando Giraldo, da Universidade Javeriana, considerou que Santos "está em seu pior momento em termos de popularidade". "O que acontece é que as coisas estão assim no momento em que ele acredita que fez todo o possível para ficar bem e se aproxima do momento da decisão se vai tentar a reeleição", disse Giraldo.
Mais do que segurança, Santos quer a paz
Contra as críticas sobre sua política de segurança, o governo se defende ressaltando que os dois comandantes mais importantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Jorge Briceño (também conhecido como Mono Jojoy) e Guillermo León Sáenz (conhecido como Alfonso Cano), foram mortos em operações militares nos dois primeiros anos da presidência de Santos. Mas, segundo Giraldo, "para as pessoas não basta acabar com os chefes, porque percebem que a guerrilha continua a ter capacidade militar. As pessoas precisam que os ataques acabem".
Pela primeira vez na última década, o combate à guerrilha é alternado com mensagens do presidente sobre sua disposição para negociações de paz, uma posição que gerou a dura oposição de seu antecessor, Álvaro Uribe, de quem foi ministro da Defesa e aplicou sua política de combate aos grupos rebeldes.
Santos, cuja eleição teve o apoio aberto do ex-presidente, destacou que esta oposição era "totalmente inesperada". Para Giraldo, o presidente, "mais do que segurança, quer paz, mas tem o problema de como consegui-la, porque se entrar em uma negociação, a metade do país cairá em cima dele". "Ele precisa mostrar resultados em curto prazo para poder sonhar com uma reeleição. Uribe tem muita influência na opinião pública, e como não está em uma oposição institucional pode falar o que quer, não se contém", acrescentou o analista.