Agência France-Presse
postado em 09/08/2012 17:31
Tunis - Um polêmico imã, demitido da mesquita de Zitouna, ameaçou nesta quinta-feira (9/8) impedir a oração semanal de sexta-feira, um fato sem precedentes na história da prestigiosa mesquita de Túnis."Todo imã nomeado pelo governo não terá o direito de pregar nem conduzir as orações de sexta-feira e será expulso", declarou à imprensa o sheik Houcine Laâbidi, que contesta a sua demissão imposta pelo Ministério de Adoração.
Esse ministério alega que a nomeação de imãs e pregadores depende dele, mas essa prerrogativa é contestada pela direção de Zitouna, que reivindica autonomia de sua gestão financeira e administrativa.
Houcine Laâbidi, de 70 anos, apresentou uma queixa contra o Ministério do Interior, depois de sua prisão na sexta-feira pela polícia, que ele acusa de tê-lo "sequestrado" para impedir que pregasse em Zitouna.
O Ministério do Interior, por sua vez, negou "qualquer agressão física ou verbal" e indicou que o imã foi detido para uma investigação sobre o fato de ele ter forçado, sem autorização, o fechamento de instalações da mesquita.
Um dos mais antigos de Zitouna, o imã Laâbidi já esteve em junho no centro de uma polêmica, após afirmar que a Sharia (lei islâmica) prevê que os artistas "que não creem" sejam mortos e tenham "seu sangue derramado". O governo havia tentado substituí-lo sem êxito.
Suas declarações foram feitas logo após o ataque por parte de salafistas contra uma exposição de arte considerada contrária ao islã nos subúrbios de Tunis. Vários distúrbios foram registrados em diversas regiões e um toque de recolher foi imposto pelo governo, dominado pelo partido islâmico Nahda.