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Vaticano julgará mordomo e cúmplice por permitir saída de documentos

Agência France-Presse
postado em 13/08/2012 08:43
Cidade do Vaticano - O Vaticano anunciou nesta segunda-feira (13/8) que abrirá um julgamento por vazamento de documentos reservados do papa Bento XVI contra o mordomo do pontífice, Paolo Gabriele, e seu cúmplice, o técnico em informática Claudio Sciarpelletti, cujo nome é mencionado pela primeira vez no escândalo.

O mordomo e o técnico, um funcionário da Secretaria de Estado da Santa Sé, governo central do Vaticano, serão julgados por "roubo agravado" e "cumplicidade" neste caso conhecido como o escândalo "Vatileaks", informou o juiz de instrução, Piero Bonnet.Gabriele, detido no dia 23 de maio, teve concedida no dia 22 de junho a prisão domiciliar, e desde então permanece junto com sua família dentro do Vaticano. Já Sciarpelletti, técnico de sistemas informáticos da Secretaria de Estado, detido no dia 25 de maio e colocado em liberdade provisória no dia seguinte, será julgado por "receptação" de objetos roubados. Os meios de comunicação não tiveram conhecimento desta detenção nem de seu envolvimento até esta segunda-feira.

"Seu papel é marginal", informou em uma coletiva de imprensa o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi. O técnico em informática foi suspenso de seu cargo "ad cautelam" por precaução, mas continua recebendo seu salário. O Vaticano prosseguirá a investigação sobre outras pessoas envolvidas no escândalo, disse o religioso. "A magistratura vaticana descobriu uma realidade muito complexa. A justiça prosseguirá seu trabalho, a investigação sobre outras pessoas envolvidas continua aberta", declarou Lombardi em uma coletiva de imprensa.

A imagem do Vaticano foi prejudicada pelo vazamento de uma centena de documentos internos, entre eles muitas cartas particulares dirigidas ao Papa ou ao seu secretário, o que provocou uma das maiores crises do papado de Bento XVI, já que colocou em questão inclusive sua liderança como guia da Igreja católica. Segundo o texto da decisão judicial, divulgada à imprensa, durante a inspeção do apartamento do mordomo papal foi encontrado um cheque de 100.000 euros destinado ao pontífice, uma pepita de ouro e um exemplar precioso do Eneida, o famoso poema épico de Virgílio, escrito em latim.

[SAIBAMAIS]Outros 37 documentos reservados foram encontrados no apartamento privado de Gabriele em Castelgandolfo, a residência de férias do Papa nos arredores de Roma. O documento assegura que o mordomo do Papa, chamado de Paoletto, um dos poucos laicos com acesso aos apartamentos do Papa, de quem era sua sombra, foi submetido a um exame psiquiátrico, que descartou problemas de índole psicológica.



A prisão do mordomo ocorreu em plena tempestade pelo contínuo vazamento à imprensa da existência de tensões no Vaticano, sobretudo no que se refere à transparência financeira. O mordomo pode ser condenado de um a seis anos de prisão, embora o Papa, que o considerava como um filho, possa absolvê-lo.

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