postado em 15/08/2012 08:08
A Argentina começou ontem a repassar um episódio marcante de sua história política recente com o julgamento do ex-presidente Fernando de la Rúa (1999-2001) e de mais seis acusados de pagar propina a senadores, em 2000, para a aprovação de uma reforma das leis trabalhistas, exigida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Hoje com 74 anos e praticamente esquecido como líder político, o ex-mandatário sentou-se na primeira fila do banco dos réus no Tribunal Oral Federal n; 3, de Buenos Aires. O escândalo, com o pagamento de um total de cinco milhões de pesos em subornos, tem sido comparado ao mensalão brasileiro e foi classificado como ;o caso de corrupção institucional mais grave desde o retorno à democracia (em 1983); por Mario Pontaquarto, que entregou o dinheiro aos políticos e foi o delator do esquema. De la Rúa aparentava calma, embora possa ser condenado a 10 anos de prisão por ;corrupção ativa agravada e desvio de fundos públicos;.
Na abertura da audiência, o juiz Federico Delgado reconstituiu a maneira como os cinco milhões de pesos saíram dos cofres da Secretaria de Inteligência (Side) para as mãos de vários senadores ; na maioria, da oposição peronista. ;O objetivo era facilitar a sanção da reforma trabalhista, que era ;existencial; para o governo. Mas os legisladores pediram outras coisas para apoiar a lei, ou seja, dinheiro;, descreveu Delgado. O então presidente teria dado aval para o pagamento da propina. ;Posso garantir que nenhum conhecimento ou participação pode ser atribuído a mim. Mas, examinando o caso, os subornos não existiram;, foi a alegação do ex-presidente. De la Rúa é o segundo ex-chefe de Estado que vai ao banco dos réus na Argentina. O primeiro foi seu antecessor imediato, Carlos Menem (1989-1999), absolvido em 2011 das acusações de contrabando de armas (para Croácia e Equador) e de ter acobertado um suposto autor do atentado à bomba contra uma associação judaica, em 1994.