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Prédio do Estado-Maior em Damasco sofre atentado de grupos rebeldes

postado em 15/08/2012 15:23
Damasco - Um tiroteio foi registrado nesta quarta-feira (15/8) atrás do edifício que abriga o gabinete do primeiro-ministro em Damasco, onde um atentado a bomba reivindicado por rebeldes teve como alvo uma reunião de oficiais do Exército.

Para a ONU, os grupos armados rebeldes cometeram crimes de guerra, mas em menor escala do que o poder, enquanto Moscou pediu ao ocidente que pare de "incitar a oposição a continuar com a luta armada".

A Síria entra no 18; mês de uma revolta, que foi militarizada devido à repressão e que causou mais de 23.000 mortes, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Os líderes do mundo islâmico devem anunciar no início da noite se devem suspender o país da Organização da Conferência Islâmica (OCI).

O OSDH indicou que os confrontos no bairro de Mazzeh ocorreram depois que foguetes foram disparados na direção do gabinete do primeiro-ministro e de um novo edifício em construção da embaixada do Irã.

De acordo com a televisão estatal, "os serviços especializados atacaram um refúgio de terroristas e mercenários" na área, "provocando a morte de um número indeterminado deles e capturando vários outros".

Uma jornalista ouviu um tiroteio próximo ao gabinete, viu fumaça, um veículo do Exército equipado com uma metralhadora e militares verificando documentos de identidade das pessoas.

Antes dos confrontos, a capital síria foi atingida por uma explosão às 8h (2h de Brasília). Segundo um militar, o atentado deixou cinco feridos. A bomba foi presa a um tanque de combustível, segundo uma jornalista. Vários veículos militares ficaram queimados, além da parede de um edifício próximo.

Os rebeldes do Exército Sírio Livre (ESL) reivindicaram o ataque, que, segundo eles, teve como alvo um grupo de militares reunidos em um prédio do Estado-Maior em Damasco, afirmou o comandante Maher al-Nuaimi, chefe da coordenação de comando do ESL na Síria.

"Esta operação tinha o objetivo de levantar o moral do ESL e de dizer a Bashar al-Assad e a seu comando que nós podemos realizar operações bem estudadas, porque sabemos o que acontece em suas fileiras", disse.

Em outras partes da capital, tropas do governo lançaram ofensivas em vários bairros onde ainda existem bolsões de rebeldes, indicou o OSDH, que se baseia em militantes e testemunhas.

"Tática de mordiscar"


No norte do país, um bombardeio aéreo do Exército em Azaz, perto de Aleppo, deixou mais de 20 mortos, segundo o OSDH.

Em Aleppo, onde as tropas sírias e rebeldes travam uma guerra aberta há quase um mês, uma nova frente se abriu no bairro Ouwayja (nordeste). Os combates começaram por volta das 10h30 (04h30 de Brasília), indicou um jornalista da AFP no local, citando bombardeios terrestres e aéreos.

Intensos combates também ocorreram em Salaheddine, onde as autoridades asseguram ter recuperado o controle há alguns dias. De acordo com fontes da segurança, os rebeldes estão no limite deste bairro emblemático.

O próximo alvo das tropas, disse a fonte, é o distrito de Al-Soukkari, onde os rebeldes têm muitas armas e munições. "A estratégia é atormentá-los até a exaustão, em vez de conduzir operações de grande escala" nesta cidade, onde algumas ruas estão cheias de cadáveres de rebeldes e soldados, acrescentou a fonte.

Em Meca, o primeiro lugar santo do Islã na Arábia Saudita, os líderes do mundo muçulmano devem anunciar nesta quarta-feira a suspensão da Síria do OCI, seguindo a Liga Árabe, que suspendeu a Síria no final de 2011.

A Rússia, aliada de longa data do regime sírio, exortou o ocidente a respeitar o acordo alcançado em Genebra no final de junho sobre os princípios de uma transição política na Síria.


"É preciso que todos os atores externos exerçam pressão sobre todas as partes sírias e parem de incentivar a oposição a continuar a luta armada", declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.

Moscou e Pequim já bloquearam várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU condenando o regime do presidente Assad.[SAIBAMAIS]

Desde março de 2011, as forças do governo sírio e as milícias shabbiha (pró-regime) cometeram crimes contra a Humanidade, particularmente assassinatos e torturas, denunciou um novo relatório da Comissão de Inquérito da ONU sobre a Síria, que também acusou a oposição armada de crimes de guerra, mas em uma escala menor.

O argelino Lakhdar Brahimi, aprovado por Damasco para substituir Kofi Annan como mediador da ONU e da Liga Árabe na Síria, quer buscar apoio formal do Conselho de Segurança da ONU antes de aceitar o cargo, segundo diplomatas.

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