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Rebeldes sírios ameaçam recorrer à Al-Qaeda caso Ocidente não ajude

Agência France-Presse
postado em 16/08/2012 14:05
Aleppo - Os rebeldes de Aleppo, principal cidade do norte da Síria, ameaçaram recorrer à rede Al-Qaeda para obter ajuda caso o Ocidente mantenha sua rejeição em fornecer armas aos insurgentes sírios para combater as forças do presidente Bashar al-Assad.

"Não queremos a Al-Qaeda aqui, mas se ninguém nos ajudar, vamos nos aliar a eles", explica Abu Amar, comandante rebelde de Bab al Nasr, centro de Aleppo, cenário de violentos combates há quase um mês. "Aposto que se esses combatentes vierem, lavarão o cérebro dos habitantes, e, se entrarem em Aleppo, a cidade se transformará em sua base em três meses", ressaltou ainda. A oposição pede regularmente à comunidade internacional, paralisada por suas divisões, uma reação para impedir que Assad continue com sua repressão violenta contra a revolta que, pouco a pouco, se transformou em oposição armada.

Também exige uma "zona de exclusão aérea" semelhante à instaurada durante a revolta na Líbia em 2011, ou a entrega de armas aos rebeldes do Exército Sírio Livre (ESL, composto por desertores e combatentes civis), mal equipado frente à capacidade militar das tropas do regime. Segundo especialistas, quanto mais se alongar o conflito, maior é o risco de que se radicalize. Nos últimos meses, vários relatórios analisaram a chegada à Síria, através da Turquia, de vários jihadistas, mas combatentes e especialistas afirmam que a Al-Qaeda ainda não está presente como força organizada.

Uma aliança provisória

[SAIBAMAIS]Especialistas assinalaram que, apesar de a Al-Qaeda ainda não estar presente no território como organização, alguns grupos começaram a utilizar seus métodos. Washington, que durante muito tempo acusou a Síria de fazer vista grossa quanto aos jihadistas que atravessam seu território para combater no Iraque, negou-se oficialmente a fornecer armas aos rebeldes, ante o temor de que cheguem à Al-Qaeda. Em fevereiro, o chefe da Al-Qaeda, Ayman al Zawahiri, apoiou publicamente a revolta síria, mas os rebeldes classificaram sua declaração de "ingerência".



Desde o início da revolta, em março de 2011, Assad afirma combater um complô de nações estrangeiras e uma insurreição islamita de "grupos terroristas armados". A oposição síria rejeita este discurso e diz que reclama liberdade e democracia, enquanto que grupos como a Al-Qaeda buscam o estabelecimento de um Estado islâmico. Mas os rebeldes estão divididos sobre este tema e alguns estão dispostos a fazer um pacto com grupos radicais para acabar com Assad.

"O principal objetivo é parar com o derramamento de sangue em Aleppo. Se nem Ocidente nem os árabes nos ajudarem, pediremos à Al-Qaeda para deter este banho de sangue", declarou Bara al Halabi, um militante de Aleppo, que assegurou que este tipo de aliança poderá ser apenas provisória. "Afinal, serão os habitantes de Aleppo que decidirão seu futuro. E o povo que se levantou e combateu um ditador como Bashar al-Assad poderá depois combater também a Al-Qaeda", concluiu.

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