Agência France-Presse
postado em 17/08/2012 11:43
[SAIBAMAIS]Moscou - Um tribunal de Moscou condenou nesta sexta-feira (17/8) três integrantes do grupo Pussy Riot a dois anos de prisão por realizarem uma "oração punk" de protesto contra o presidente Vladimir Putin na principal igreja da Rússia. A juíza Marina Syrova anunciou sua sentença depois de considerar Maria Alyokhina, Nadezhda Tolokonnikova e Yekaterina Samutsevich culpadas de vandalismo motivado por ódio religioso por sua performance do dia 21 de fevereiro.
"Considerando a natureza e o nível de perigo representado pelo que foi feito, a correção dos réus só é possível através de uma punição real", afirmou Syrova perante o tribunal lotado. Ela então atribuiu a cada uma das integrantes dois anos de trabalhos corretivos em uma colônia penal, as condições mais severas possíveis para réus primários do sexo feminino. Manifestações a favor das artistas já foram realizadas na Rússia e outras estão previstas em muitas cidades do exterior, de Paris a Sydney, passando por Varsóvia ou Nova York.
A União Europeia também condenou a decisão "desproporcional" da justiça russa, segundo um comunicado da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton. No comunicado, Ashton afirmou estar "muito decepcionada com a decisão da justiça russa".Ao anunciar, mais cedo, a sentença, a juíza Marina Syrova retomou em grande parte os argumentos da promotoria, que havia pedido três anos de prisão para as integrantes do grupo por terem cantado no dia 21 de fevereiro, com o rosto coberto, carregando guitarras e com um equipamento de som, uma "oração punk" na catedral do Cristo Salvador em Moscou, na qual pediam à Virgem que "livrasse" os russos de Putin no poder.
[SAIBAMAIS]A juíza ressaltou que as acusadas "não expressaram arrependimento", "violaram a ordem pública" e "ofenderam os sentimentos dos crentes", mas disse posteriormente ter levado em conta na hora de estabelecer a pena circunstâncias atenuantes, incluindo o fato de Alyokhina e Tolokonnikova terem filhos pequenos.Os advogados das Pussy Riot pediram a absolvição das cantoras, a promotoria havia solicitado três anos de prisão. A pena máxima por "vandalismo" é de sete anos de prisão.As autoridades mobilizaram um grande dispositivo policial nos arredores do tribunal e colocaram barreiras metálicas em ambos os lados da rua para impedir grandes concentrações.
Partidários e opositores das jovens se deslocaram ao tribunal antes do início do julgamento. O caso dividiu profundamente a sociedade russa. Muitos bispos e fiéis denunciaram a profanação da catedral e o ataque contra a Igreja. Mas outros, incluídos no seio da Igreja, também consideraram o julgamento desproporcional. Grupos ultranacionalistas e ortodoxos protestavam diante do edifício. "Quero que as Pussy e aqueles que as apoiam queimem no inferno", declarou um deles. Uma centena de pessoas gritava, por sua vez, "Liberdade para as Pussy Riot", "Liberdade para os prisioneiros políticos".
Entre as figuras do protesto do regime do presidente Vladimir Putin, o blogueiro e grande crítico da corrupção Alexei Navalny conseguiu entrar no tribunal. Já o líder da Frente de Esquerda, Sergei Udaltsov, foi parado quando tentava se aproximar do edifício, assim como outros partidários das Pussy Riot. Em Ekaterinburgo, nos Urais, cerca de 30 pessoas se reuniram para apoiar as Pussy Riot, informou a agência de notícias Interfax. Em Samara, na região do Volga, nove pessoas foram detidas durante um protesto, segundo a mesma fonte. O caso adquiriu dimensão internacional e as três mulheres receberam nas últimas semanas enorme quantidade de apoios procedentes do mundo inteiro. Vários artistas como Paul McCartney, Madonna, Sting e Yoko Ono expressaram sua solidariedade.