Agência France-Presse
postado em 17/08/2012 15:41
Aleppo - Combates foram registrados nesta sexta-feira (17/8) perto do principal aeroporto militar de Damasco, enquanto vários bairros rebeldes de Aleppo, a segunda maior cidade da Síria e crucial para a definição do conflito, eram bombardeados pelo Exército sírio.A violência deixou ao menos 21 mortos, segundo uma organização síria, no dia seguinte ao anúncio do Conselho de Segurança da ONU de acabar com sua missão de observadores na Síria, enviada em abril para monitorar um cessar-fogo nunca respeitado.
Na Turquia, última etapa de sua viagem regional, o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, afirmou que o regime sírio deve "ser abatido rapidamente".
Nesta sexta-feira (17/8), como em todas as outras desde o início da revolta há 17 meses, os militantes convocaram manifestações, apesar da repressão, com o lema "Com um Exército Sírio Livre (ESL) unido, a vitória está garantida", em referência aos insurgentes que combatem as forças do regime.
Na cidade de Idleb, as forças de ordem cercaram as mesquitas para impedir que os fiéis protestassem nas ruas, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
E nas províncias de Aleppo (norte), controlada em grande parte pelos rebeldes, e de Deraa (sul), foram registradas grandes manifestações para exigir a saída do presidente Bashar al-Assad, de acordo com o OSDH, que se baseia em informações de uma rede de militantes e testemunhas.
Em Damasco, "foram registrados combates entre as forças do regime e combatentes rebeldes perto do aeroporto militar de Mazzé", prova da resistência rebelde na capital, apesar dos vários comunicados das autoridades, assegurando que a cidade está "limpa de terroristas".
Vários bairros do sul de Damasco também foram bombardeados pelo Exército, indicou o OSDH, que indicou confrontos na estrada que liga a capital à cidade de Deraa (sul), perto da fronteira com a Jordânia.
Em Aleppo, insurgentes e forças armadas travam uma batalha pelo controle desta cidade estratégica que já dura quase um mês.
Vários bairros onde os rebeldes estão entrincheirados foram bombardeados, enquanto confrontos aconteciam em outros setores da metrópole, forçando os civis a se refugiarem em abrigos, segundo o OSDH.
Os agentes humanitários também correm riscos com estes combates. Por esta razão, é difícil levar ajuda médica aos civis, de acordo com a Cruz Vermelha britânica.
Além disso, os corpos de 65 pessoas não-identificadas foram encontrados em Qatana, a 20 km ao sudoeste de Damasco, informou o OSDH.
Refugiados e diplomacia
Sinal da incapacidade da comunidade internacional de impedir a violência, que já causou a morte de mais de 23.000 pessoas em 17 meses, segundo o OSDH, a missão de observação das Nações Unidas na Síria (Misnus) chegará ao fim no "domingo à meia-noite".
Mas, segundo o embaixador da França na ONU, Gérard Araud, há "uma vontade consensual" do Conselho de manter uma presença na ONU em Damasco, como um escritório de ligação.
Após essa decisão, o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, anunciou uma reunião para a formação de um grupo internacional sobre a Síria nesta sexta-feira (17/8), mas que foi cancelada depois que vários países ocidentais assinalarem sua intenção de não participar no encontro.
Somente a China e um representante da ONU confirmaram presença.
Moscou quer que as grandes potências, divididas sobre a questão de uma saída de Assad, lancem com a Arábia Saudita, um dos principais aliados dos rebeldes, e o Irã, principal aliado regional de Damasco, um apelo aos envolvidos no conflito para colocar "um fim à violência o mais breve possível".[SAIBAMAIS]
Teerã anunciou, por sua vez, que aceitou uma proposta do presidente egípcio, Mohamed Mursi, para criar um grupo de contato sobre a Síria com o Egito, Irã, Arábia Saudita e Turquia.
Sobre a questão dos refugiados, mais de 2.000 sírios, incluindo um general, fugiram da Síria na quinta-feira para a Turquia, após um ataque aéreo no Exército ao reduto rebelde de Azaz (norte), disse um diplomata turco, elevando para 62.000 o número total de refugiados sírios na Turquia.
Cerca de 200 mil sírios também estão refugiados na Jordânia e no Líbano, um país com equilíbrio religioso frágil que está experimentando um ressurgimento de tensões devido ao conflito na Síria.
O Programa Alimentar Mundial (PAM) fixou o objetivo de alimentar um milhão de pessoas até o final de setembro na Síria.