Agência France-Presse
postado em 19/08/2012 13:39
JERUSALÉM - O ruído midiático em Israel sobre a possibilidade de um ataque iminente contra o programa nuclear iraniano faz parte, na realidade, de uma estratégia de pressão destinada a obter uma posição mais firme da administração Obama, segundo especialistas israelenses.
Há cerca de dez dias se instalou um clima febril em Israel, alimentado com base em declarações diárias na imprensa de autoridades políticas e analistas, que se pronunciam a favor ou contra uma operação israelense contra o Irã.
Esta inquietação reinante foi reforçada com a distribuição em massa de máscaras de gás entre a população, com a verificação do bom funcionamento de um sistema de alerta por SMS e com as especulações sobre o número de vítimas israelenses, "500 mortos", segundo o ministro da Defesa, Ehud Barak, em caso de represálias iranianas.
"Há uma histeria orquestrada, com um ;timing; planejado para colocar o país em estado de ansiedade, artificial ou não", criticou o ex-chefe dos serviços de inteligência militar Uri Saguy neste fim de semana no jornal Haaretz.
Segundo Denis Charbit, professor de ciência política na Universidade de Tel Aviv, a recente multiplicação de declarações públicas sobre o Irã tem por objetivo preparar a opinião pública para as consequências de um eventual ataque, e, sobretudo, forçar a administração americana a adotar uma posição mais clara a respeito.
"O recurso do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e de seu ministro da Defesa a esta diplomacia pública tem por meta obter um compromisso mais claro dos Estados Unidos de que atacará o Irã se o país prosseguir com seu programa nuclear, ou que ao menos autorizará Israel a fazê-lo", declarou à AFP.
"Os dirigentes israelenses consideram muito vagas as declarações da Casa Branca. Ao levantar em público a possibilidade de uma operação militar israelense iminente, querem forçar os norte-americanos a mostrar suas cartas", explica Charbit.
Pedido de compromisso dos EUA
Em um editorial publicado neste fim de semana no Washington Post, outro ex-chefe dos serviços de inteligência militar, Amos Yadlin, pediu que os Estados Unidos adotem um compromisso mais forte contra o Irã, país que sustenta que seu programa nuclear é puramente civil e que não busca obter a bomba atômica, como acreditam Washington e Israel.
"O presidente norte-americano deveria ir a Israel e dizer aos seus dirigentes (...) que interessa aos Estados Unidos impedir um Irã nuclear e que ;se precisarmos recorrer a uma ação militar, o faremos;", escreveu Yadlin, que mantém um contato regular com Netanyahu e com os principais funcionários da defesa e da segurança israelenses.
No entanto, segundo Eytan Gilboa, especialista nas relações entre Israel e Estados Unidos na Universidade de Bar-Ilan, perto de Tel Aviv, a estratégia israelense de pressão pode ser contraproducente.
"A primeira vez (na primavera) funcionou, quando as advertências israelenses levaram a um reforço das sanções internacionais contra o Irã. Netanyahu e Barak pensaram que desta vez também funcionaria, mas, por enquanto, antes da eleição presidencial nos Estados Unidos, é pouco propício, e os vazamentos e declarações na imprensa israelense têm um impacto negativo, porque expõem a profunda falta de confiança e de coordenação entre Israel e Estados Unidos", considera.
O especialista mostra-se, no entanto, otimista sobre um possível encontro entre Netanyahu e Obama no fim de setembro à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York, como sugere a imprensa israelense. Segundo ele, esta reunião pode servir para "restabelecer a confiança entre os dois líderes, a menos que ocorra um acontecimento extraordinário até lá".
Há cerca de dez dias se instalou um clima febril em Israel, alimentado com base em declarações diárias na imprensa de autoridades políticas e analistas, que se pronunciam a favor ou contra uma operação israelense contra o Irã.
Esta inquietação reinante foi reforçada com a distribuição em massa de máscaras de gás entre a população, com a verificação do bom funcionamento de um sistema de alerta por SMS e com as especulações sobre o número de vítimas israelenses, "500 mortos", segundo o ministro da Defesa, Ehud Barak, em caso de represálias iranianas.
"Há uma histeria orquestrada, com um ;timing; planejado para colocar o país em estado de ansiedade, artificial ou não", criticou o ex-chefe dos serviços de inteligência militar Uri Saguy neste fim de semana no jornal Haaretz.
Segundo Denis Charbit, professor de ciência política na Universidade de Tel Aviv, a recente multiplicação de declarações públicas sobre o Irã tem por objetivo preparar a opinião pública para as consequências de um eventual ataque, e, sobretudo, forçar a administração americana a adotar uma posição mais clara a respeito.
"O recurso do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e de seu ministro da Defesa a esta diplomacia pública tem por meta obter um compromisso mais claro dos Estados Unidos de que atacará o Irã se o país prosseguir com seu programa nuclear, ou que ao menos autorizará Israel a fazê-lo", declarou à AFP.
"Os dirigentes israelenses consideram muito vagas as declarações da Casa Branca. Ao levantar em público a possibilidade de uma operação militar israelense iminente, querem forçar os norte-americanos a mostrar suas cartas", explica Charbit.
Pedido de compromisso dos EUA
Em um editorial publicado neste fim de semana no Washington Post, outro ex-chefe dos serviços de inteligência militar, Amos Yadlin, pediu que os Estados Unidos adotem um compromisso mais forte contra o Irã, país que sustenta que seu programa nuclear é puramente civil e que não busca obter a bomba atômica, como acreditam Washington e Israel.
"O presidente norte-americano deveria ir a Israel e dizer aos seus dirigentes (...) que interessa aos Estados Unidos impedir um Irã nuclear e que ;se precisarmos recorrer a uma ação militar, o faremos;", escreveu Yadlin, que mantém um contato regular com Netanyahu e com os principais funcionários da defesa e da segurança israelenses.
No entanto, segundo Eytan Gilboa, especialista nas relações entre Israel e Estados Unidos na Universidade de Bar-Ilan, perto de Tel Aviv, a estratégia israelense de pressão pode ser contraproducente.
"A primeira vez (na primavera) funcionou, quando as advertências israelenses levaram a um reforço das sanções internacionais contra o Irã. Netanyahu e Barak pensaram que desta vez também funcionaria, mas, por enquanto, antes da eleição presidencial nos Estados Unidos, é pouco propício, e os vazamentos e declarações na imprensa israelense têm um impacto negativo, porque expõem a profunda falta de confiança e de coordenação entre Israel e Estados Unidos", considera.
O especialista mostra-se, no entanto, otimista sobre um possível encontro entre Netanyahu e Obama no fim de setembro à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York, como sugere a imprensa israelense. Segundo ele, esta reunião pode servir para "restabelecer a confiança entre os dois líderes, a menos que ocorra um acontecimento extraordinário até lá".