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Confira a íntegra do pronunciamento de Julian Assange, do Wikileaks

postado em 20/08/2012 06:10

"Eu estou aqui porque não posso estar mais próximos de vocês.
Obrigado por estarem aqui. Obrigado por sua resolução e por sua generosidade de espírito.

Na noite de quarta-feira, depois que uma ameaça foi enviada a essa embaixada, e a polícia recaiu sobre o prédio, vocês vieram no meio da noite para assistir a isso, e vocês trouxeram os olhos do mundo com vocês.

Dentro da embaixada, depois da escuridão, eu podia escutar os policiais invadirem o prédio por meio da saída de incêndio interna. Mas eu sabia que haveria testemunhas. E isso é por causa de vocês.

Se o Reino Unido não jogou fora as Convenções de Viena naquela noite, isso foi porque o mundo estava assistindo. E o mundo está assistindo porque vocês estão assistindo.

A próxima vez que alguém disser a vocês que é inútil defender esses direitos que nos são caros, relembrem a eles de sua vigília na escuridão, ante a Embaixada do Equador, e sobre como, pela manhã, o sol despontou sobre um mundo diferente, e a corajosa nação da América Latina levantou-se por justiça. Para esse povo valente.

Eu agradeço ao presidente Correa pela coragem que ele mostrou em considerar e me conceder asilo político.

Agradeço ao governo, e ao chanceler, Ricardo Patiño, que têm defendido a Constituição e sua noção de direitos universais, em consideração com o meu caso.

E ao povo equatoriano por apoiar e defender essa Constituição.
E tenho uma dívida de gratidão com o pessoal desta embaixada, cujas famílias vivem em Londres, e que me mostraram hospitalidade e gentileza, apesar das ameaças que eles receberam.

Nessa sexta-feira, haverá uma reunião de emergência dos chanceleres da América Latina, em Washington, para debater essa situação.

E sou muito grato aos povos e aos governos de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Honduras, México, Nicarágua, Peru, Venezuela e todas as outras nações latino-americanas que vieram defender o direito ao asilo.

Aos povos dos EUA, Reino Unido, Suécia e Austrália, que têm me apoiado com força, mesmo quando seus governos não o fizeram. E àquelas mentes sábias no governo, que ainda lutam pela justiça. Seu dia chegará.
À equipe, os simpatizantes e fontes do WikiLeaks, cuja coragem, compromisso e lealdade nunca vi iguais.

À minha família e aos meus filhos, que tiveram negado seu pai. Perdoem-me. Nós estaremos reunidos em breve.

Assim como o WikiLeaks, estão sob ameaça a liberdade de expressão e a saúde de nossas sociedades.

Devemos usar este momento para articular a escolha diante do governo dos Estados Unidos da América.

O país retornará e reafirmará os valores sobre os quais foi fundado? Ou oscilará para o precipício, nos arrastando a um mundo perigoso e opressor, no qual jornalistas caem silenciosamente sob a o medo da perseguição, e cidadãos devem sussurrar no escuro? Eu digo que devemos retroceder.

Eu peço ao presidente Obama que faça a coisa certa. Os Estados Unidos devem renunciar sua caça às bruxas contra o WikiLeaks. Os Estados Unidos devem dissolver sua investigação do FBI. Os Estados Unidos devem jurar que não buscarão processar nossa equipe ou nossos simpatizantes. Os Estados Unidos devem prometer, perante o mundo, que não perseguirão jornalistas por lançarem luz sobre os crimes secretos dos poderosos.

Não devem haver mais conversas tolas sobre processar qualquer organização da mídia, seja o WikiLeaks, seja o New York Times.
A guerra dos governos dos EUA contra os denunciantes deve acabar.

Thomas Drake, William Binney e John Kirahou, e outros denunciantes americanos heroicos devem ; eles devem ; ser perdoados e recompensados pelas dificuldades que sofreram, enquanto servos do registro público.

E o soldado que, todavia, segue em uma prisão militar em Fort Leavenworth, no Kansas, que foi encontrado pela ONU depois de ter suportado meses de tortuosa detenção em Quantico (Virgínia) e que, todavia, depois de ter estado dois anos em prisão, tem que ir a julgamento, tem que ser liberado.

Se Bradley Manning realmente fez o que ele é acusado, ele é um herói, um exemplo para todos nós, e um dos prisioneiros políticos mais proeminentes. Bradley Manning deve ser libertado.

Na quarta-feira, Bradley Manning completou seu 815; dia de detenção sem julgamento. O prazo máximo legal é de 120 dias. Na quinta-feira, meu amigo, Nabeel Rajab, foi condenado a três anos por um tweet. Na sexta-feira, uma banda russa foi sentenciada a dois anos de cadeia por uma performance política. Há unidade na opressão. Deve haver unidade absoluta e determinação na resposta.;

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