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"Julian se mantém firme com a verdade", diz, em entrevista, mãe de Assange

Rodrigo Craveiro
postado em 20/08/2012 06:00

Christine exibe a foto de Julian quando criança;Vocês estão se envergonhando perante os olhos do país e do mundo.; O recado teve como destinatário o governo do Reino Unido. De sua casa em Brisbane, no leste da Austrália, Christine Ann Assange, 61 anos, sabe que o filho Julian Assange corre um sério risco de ser extraditado para os Estados Unidos. Em entrevista exclusiva ao Correio, por telefone, ela agradeceu ao governo do Equador pela concessão de asilo diplomático ao fundador do site WikiLeaks e não economizou críticas ao Reino Unido, aos EUA, à Suécia e até mesmo a seu país natal. Christine denuncia que seu filho é, hoje, um preso político sem sequer ter sido julgado. De acordo com ela, Julian Assange foi acusado de agressão sexual pelas autoridades suecas enquanto divulgava documentos secretos americanos. ;Por dois anos, ele se ofereceu para ser interrogado, a fim de limpar seu nome;, contou. Em meio à polêmica, ela faz questão de elogiar o trabalho do filho. ;Ele está fazendo o que qualquer organização deveria fazer: proteger os cidadãos de seu próprio governo;, desabafou.

A senhora teme que seu filho seja extraditado para os EUA, mesmo depois da concessão de asilo por parte do Equador?
Eu estou muito grata ao Equador por ter dado asilo ao meu filho. O Equador tem mostrado que pode ser um líder em direitos humanos. Ele tem sido um líder no mundo, ao se levantar pelos direitos humanos, encorajando outros países. Estou preocupada com o fato de que os Estados Unidos, a Suécia, a Austrália e o Reino Unido continuarão violando os direitos legais e humanitários com suas leis domésticas. Eles não têm respeito pelo direito internacional e pela soberania de outro país ou pelos direitos humanos internacionais.



Os Estados Unidos estariam determinados a condenar Julian Assange à prisão perpétua ou à pena de morte? A extradição seria uma desculpa para puni-lo pela divulgação de dados secretos?
Absolutamente. Eles estão fazendo o mesmo que fizeram a Bradley Manning. Eles o mantiveram preso por dois anos. Bradley foi colocado na solitária. Também impuseram medidas administrativas contra seu psiquiatra. O relator da ONU sobre tortura condenou os EUA pelo tratamento desumano e cruel dispensado a Bradley Manning. Muitos parlamentares ao redor do mundo, incluindo alguns britânicos, expressaram preocupação com os interrogatórios de Manning ou do meu filho. Os Estados Unidos são um dos países que têm matado seus cidadãos.

Confira outros trechos da entrevista
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