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Presidente do Paquistão pede relatório sobre jovem acusada de blasfêmia

Agência France-Presse
postado em 20/08/2012 13:29
Islamabad - O presidente paquistanês pediu nesta segunda-feira explicações sobre a prisão de uma menina cristã que sofre de Síndrome de Down, acusada de ter queimado folhas de papel nas quais estavam escritos versos do Alcorão.

A jovem Rimsha foi presa na quinta-feira em um bairro pobre da capital Islamabad e colocada em detenção provisória por 14 dias, denunciada por muçulmanos revoltados que exigiam que ela fosse punida por blasfêmia, indicou a polícia. O presidente Asif Ali Zardari levou "seriamente em consideração" a prisão e pediu ao Ministério do Interior que apresente um relatório sobre este caso, indicou a imprensa oficial paquistanesa.

No Paquistão, onde a população é majoritariamente muçulmana, a blasfêmia pode ser legalmente punida com a morte. O investigador da polícia Zabhiullah Abbasi afirmou que Rimsha tinha sido colocada em detenção provisória até o dia 25 de agosto e que ela compareceria em seguida diante de um tribunal para ser acusada de blasfêmia. Esse policial declarou que Rimsha era iletrada, mas considerou, com base em um exame médico realizado depois de sua prisão, que ela não apresentava problemas mentais. "A menina tem 16 anos e, de acordo com o relatório médico, ela é normal", afirmou.

[SAIBAMAIS]Já o diretor de uma organização que representa as minorias paquistanesas, Tahir Naveed Chaudhry, declarou neste domingo (19/8) que Rimsha tem Trissomia 21, ou Síndrome de Down. Chaudhry, que dirige a APMA (All Pakistan Minorities Alliance), acrescentou que Rimsha é uma criança, e não uma adolescente como disse a polícia. "Ela tem apenas 11 ou 12 anos", declarou.



As acusações contra a jovem cristã desencadearam a ira dos muçulmanos em Mehrabad, um bairro misto da capital paquistanesa, onde Rimsha vive com seus parentes. Os cristãos da área foram obrigados a deixar temporariamente o bairro por causa da tensão. Nesta segunda-feira, a casa da família de Rimsha estava fechada e vazia. A polícia local declarou que a família tinha ido para a casa de parentes, nas imediações de Islamabad.

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