Agência France-Presse
postado em 22/08/2012 13:34
Bagdá - Os "detectores de explosivos" de fabricação britânica do exército iraquiano não funcionam, mas os soldados continuam utilizando o equipamento defeituoso nos postos de controle, embora a Grã-Bretanha tenha proibido sua exportação em 2010 e detido seu fabricante por fraude.Em meio à onda de atentados que sacudiu o Iraque em 2007-2008, o governo iraquiano gastou 119,5 milhões de dólares para comprar uma grande quantidade destes aparelhos, chamados de ADE 651, fabricados pela empresa britânica Advanced Tactictal Security & Communications (ATSC). A companhia britânica afirmava que os detectores, com forma de pistola e equipados com sensores ultrassensíveis, eram capazes de detectar matérias explosivas a uma distância de 1.000 metros no solo e 3.000 no ar. No entanto, os testes realizados por um laboratório britânico mostraram que "a tecnologia do ADE 651 é inapropriada para a detecção de explosivos".
O diretor da empresa, Jim McCormick, foi detido no início de 2010 por fraude e falsa declaração na venda destes aparelhos ao Iraque. E imediatamente depois a Grã-Bretanha proibiu a exportação destes aparelhos, o que levou o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, a ordenar a abertura de uma investigação. A ineficácia destes aparelhos é responsável, em parte, pela morte de muitos iraquianos, denuncia Aquil al-Turaihi, do ministério iraquiano do Interior.
[SAIBAMAIS]No entanto, as forças de segurança continuam utilizando estes "detectores de explosivos" ineficazes nos muitos postos de controle instalados por toda a capital Bagdá. Dois anos e meio mais tarde, as circunstâncias da compra destes aparelhos britânicos continuam sendo obscuras. "Queríamos nos equipar para impedir os atentados e nos propuseram estes aparelhos", explicou Turaihi. Foram comprados, apesar de vários ministérios iraquianos e "das forças americanas terem mostrado estudos que indicavam que este aparelho não funcionava", acrescentou.
Pior ainda, o Iraque pagou por cada um destes detectores ineficazes entre 37.500 e 54.100 dólares, quando seu preço de exportação era de 3.500. "O preço exagerado e a forma como o contrato foi feito provam que houve corrupção", denuncia Turaihi, que acusa funcionários do ministério do Interior. Ocorreram algumas condenações, mas o "assunto ainda não foi solucionado" e a investigação com colaboração dos serviços britânicos continua, disse Turaihi. Enquanto nos postos de controle os soldados continuam utilizando estes "detectores de explosivos" que não sevem para nada, as bombas explodem em Bagdá, deixando dezenas de mortos.