Agência France-Presse
postado em 22/08/2012 13:49
Londres - Um britânico paralisado, mas consciente de seu estado de saúde, faleceu nesta quarta-feira (22/8), poucos dias depois de perder uma batalha legal pelo direito da eutanásia, que, segundo ele, acabaria com uma vida de "pura tortura".Tony Nicklinson, 58 anos, que sofria da síndrome do encarceramento, consequência de um derrame durante uma viagem de trabalho a Atenas em 2005, morreu de causas naturais, informou a família. No dia 16 de agosto, a Alta Corte rejeitou o pedido legal de Nicklinson, que de maneira unânime considerou que seria errado abrir um precedente que igualaria a eutanásia voluntária com assassinato. Após o veredicto, Nicklinson chorou e afirmou que estava devastado com a decisão.
A família do britânico informou que ele morreu de maneira serena na residência de Melksham, oeste da Inglaterra, às 10h (6h de Brasília), após uma rápida deterioração de sua saúde provocada pela pneumonia. A polícia informou que não está investigando a morte de Nicklinson. "Ele era visitado com frequência por um médico, que vai assinar o atestado de óbito", disse uma fonte policial.
A família divulgou uma mensagem no Twitter: "Antes de morrer, ele pediu que nós escrevêssemos: ;Adeus mundo, a hora chegou, eu tive alguma diversão;". "Obrigado pelo apoio ao longo dos anos. Nós gostaríamos de alguma privacidade neste momento difícil. Com amor, Jane, Lauren e Beth", afirma outro tweet.
[SAIBAMAIS]Em um comunicado divulgado na semana passada por seu advogado depois da decisão judicial, Nicklinson afirmou: "Eu estou triste que lei queira me condenar a uma vida de miséria e indignidade crescentes". Os três juízes envolvidos descreveram o caso como "profundamente comovente e trágico" e a situação como "terrível". Mas todos concordaram que seria errado para o tribunal se afastar da posição legal estabelecida há muito tempo de que a "eutanásia voluntária é assassinato, mesmo que os motivos sejam compreensíveis".
Eles decidiram que a lei atual não contempla direitos humanos e que cabe ao Parlamento, e não aos tribunais, decidir se deve ser alterada. A esposa de Nicklinson, Jane, descreveu a decisão como "unilateral". "Você pode ver pela reação de Tony que ele está com o coração partido", disse. Jane afirmou que o casal apelaria da decisão. Ao ser questionada sobre o que aconteceria caso o recurso fosse rejeitado, disse: "Tony terá que continuar assim até morrer de causas naturais ou de fome".