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Coreia do Sul devolve carta de protesto e enfurece Japão

Agência France-Presse
postado em 23/08/2012 17:06
Seul- A Coreia do Sul devolveu nesta quinta-feira (23/08),uma carta de protesto enviada pelo primeiro-ministro do Japão sem respondê-la, irritando ainda mais Tóquio em meio a divergências por ilhas disputadas.

A carta do primeiro-ministro Yoshihiko Noda foi devolvida porque poderia ser usada por Tóquio para fortalecer a sua reivindicação territorial sobre as ilhas no Mar do Japão, informou o ministério das Relações Exteriores de Seul.

A carta, dirigida ao presidente sul-coreano Lee Myung-Bak, foi mantida na embaixada da Coreia do Sul no Japão. Ela foi devolvida por correio registrado depois que Tóquio se recusou a recebê-la em mãos, informou o ministério.

Em Tóquio, o chefe de Gabinete Osamu Fujimura denunciou a decisão."Sob o protocolo habitual, é inconcebível que cartas trocadas entre os líderes sejam devolvidas", afirmou Fujimura, principal porta-voz do governo, em uma coletiva de imprensa.

"Espero que (Lee) aceite a carta, que foi enviada para demonstrar os pensamentos de nosso primeiro-ministro", acrescentou.

As relações pioraram acentuadamente desde que Lee fez uma visita surpresa no dia 10 de agosto às ilhas controladas por Seul, conhecidas como Dodko na Coreia do Sul e como Takeshima no Japão.

Ele afirmou que sua viagem, a primeira feita por um presidente sul-coreano, tinha por objetivo pressionar o Japão a resolver questões deixadas por seu domínio colonial sobre a Coreia, de 1910 a 1945.

Lee irritou ainda mais o Japão ao dizer que o imperador Akihito deveria pedir "sinceras desculpas" pelos excessos do passado se quisesse visitar a Coreia do Sul.

Noda expressou em sua carta pesar pela visita às ilhas e pelas observações de Lee sobre Akihito, afirmou a agência de notícias Yonhap.



A visita enfureceu o Japão, que convocou seu embaixador em Seul. Tóquio também cancelou uma reunião dos ministros das Finanças prevista para este mês e afirmou que iria rever um acordo com Seul.

A Coreia do Sul rejeitou a proposta do Japão para que os dois países pedissem para o Tribunal Internacional de Justiça resolver a divergência.

A disputa voltou a se intensificar depois que o ministro das Relações Exteriores japonês, Koichiro Gemba, descreveu na quarta-feira o controle de Seul sobre as ilhas como uma "ocupação ilegal".

"Nós apresentamos um protesto forte... e exigimos que o ministro das Relações Exteriores do Japão retire imediatamente os seus comentários", disse o porta-voz da chancelaria, Cho Tai-Young.

Cerca de 400 ativistas sul-coreanos com bandeiras de seu país também se reuniram em frente à embaixada japonesa em Seul exigindo que Tóquio retire sua reivindicação sobre as ilhas.

Eles também pediram que Tóquio compense as mulheres coreanas idosas forçadas à escravidão sexual por soldados japoneses durante a Segunda Guerra Mundial e apelaram para que Akihito faça um pedido de desculpas sincero.

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