postado em 24/08/2012 11:21
Washington-A Organização dos Estados Americanos (OEA) iniciou nesta sexta-feira (23/08), uma reunião de chanceleres para estudar se apoia o Equador em seu conflito com o Reino Unido pelo asilo concedido ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange, refugiado em sua embaixada em Londres.O debate dos 34 países membros da OEA, apenas doze deles representados por chanceleres, vai girar em torno de uma resolução proposta pelo Equador que rejeita qualquer risco à "inviolabilidade" da embaixada de Quito em Londres e que convoca os dois países a um diálogo.
A reunião de consulta de chanceleres, a qual a OEA recorre apenas em casos de extrema importância, foi aprovada a pedido do Equador na sexta-feira passada, apesar da oposição de Estados Unidos, Canadá e Trinidad e Tobago, que alegaram que o caso de Assange é de competência exclusiva de Quito e Londres.
Equador, Colômbia, México, Argentina, Chile, Venezuela, Peru, Uruguai, Paraguai, República Dominicana, Haiti e Guiana estão representados por seus chanceleres; e Brasil e Guatemala, por seus vice-ministros das Relações Exteriores.
Os Estados Unidos enviaram o subsecretário de Estado para a América Latina em funções, John Feeley.
Depois de ter conseguido o apoio da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), o governo de Rafael Correa quer o apoio da OEA frente ao que denunciou como "ameaças" do governo britânico de invadir sua sede diplomática para deter Assange, refugiado no local desde 19 de junho.
O projeto de resolução pede a "rejeição de qualquer tentativa que coloque em risco a inviolabilidade das dependências das missões diplomáticas, como é o caso da situação gerada na Embaixada do Equador em Londres".
Além disso, pede que Quito e Londres mantenham "um diálogo que permita resolver suas divergências atuais".
Já Londres descartou a possibilidade de entrar na embaixada do Equador, país que concedeu no dia 16 de agosto asilo diplomático a Assange, mas indicou que não concederá ao australiano um salvo-conduto e insiste em sua extradição à Suécia para que responda por acusações de agressão sexual, que ele nega.
Quito havia reconhecido que será difícil para a OEA chegar a uma decisão por consenso, diante das objeções de Estados Unidos e Canadá e das prováveis abstenções de países caribenhos anglófonos pertencentes à Comunidade Britânica.
De fato, a reunião começou com mais de meia hora de atraso por negociações de última hora para tentar alcançar uma posição comum, afirmaram fontes diplomáticas à AFP.
Os chanceleres podem aprovar resoluções com os votos de ao menos dois terços dos países presentes na reunião.
Os Estados Unidos, que afirmaram que o papel da OEA deve se limitar a pedir o diálogo entre Quito e Londres, afirmaram que não reconhecem o asilo diplomático concedido pelo Equador, já que não fazem parte da Convenção Interamericana que regula essa questão.
Assange teme que a Suécia o extradite aos Estados Unidos, onde é investigado por espionagem por divulgar centenas de milhares de documentos sobre as guerras de Iraque e Afeganistão e correspondências confidenciais do Departamento de Estado, razão pela qual sustenta que poderia ser condenado à prisão perpétua ou à pena de morte.
Mas Washington negou qualquer tipo de "perseguição" contra o fundador do WikiLeaks.
Tanto o Reino Unido quanto a Suécia são países observadores da OEA e têm delegados na reunião.