África do Sul - A África do Sul começou a enterrar as 44 vítimas da matança policial na mina de platina de Lonmin, com três funerais realizados neste sábado.
Centenas de residentes de Marikana participaram no funeral de Papi Ledingoane, de 24 anos, em um cemitério de Marikana. Ledingoane foi um dos 34 mineiros que morreu quando a polícia abriu fogo contra centenas de trabalhadores que protestavam por uma alta salarial em 16 de agosto nas instalações do grupo Lonmin, o terceiro produtor mundial de platina.
Usando camisetas brancas, alguns companheiros de trabalho dos mortos carregaram o caixão sob o olhar dos familiares desconsolados.
Altos funcionários do governo, entre eles o ministro da Saúde, Aaron Motsoaledi, e o ministro da Presidência, Collins Chabane, estivaram presentes.
Outros dois mineiros também foram enterrados neste sábado na província Oriental do Cabo, de onde procedia a maioria das vítimas.
Em 16 de agosto passado, 34 mineiros morreram depois que a polícia sul-africana abriu fogo contra trabalhadores em greve na mina de platina Marikana, na mais sangrenta intervenção policial no país desde a queda do regime do apartheid, em 1994.
Dois dias antes, em outros confrontos, oito mineiros e dois policiais perderam a vida.
[SAIBAMAIS]O movimento, considerado ilegal, teve início com uma reivindicação de um grupo de mineiros que exigia triplicar seu salário, atualmente de 4.000 rands mensais (486 dólares).
O grupo Lonmin indicou neste sábado, no entanto, que quase 60% dos mineiros de um dos dois grupos de extração de platina de Marikana desistiram da greve decretada e retomaram o trabalho, enquanto as partes continuavam buscando um acordo.
Há seis meses, a produção de platina na África do Sul, principal produtor mundial, vive fortes tensões exacerbadas pela crise mundial, em particular a automobilística, e que ilustram as más práticas sociais herdadas do passado que persistem no setor minerador.
A tragédia de Marikana chamou a atenção para as precárias condições de vida dos mineiros sul-africanos.