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Síria: aviação ataca em Aleppo e corpos são achados em Deraya

Agência France-Presse
postado em 25/08/2012 21:44
Damasco - A aviação síria bombardeou neste sábado (25/8) vários bairros da cidade de Aleppo, onde a violência se intensifica, enquanto o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) informava a descoberta de dezenas de corpos em Deraya, na região de Damasco.

Os combates em Aleppo, o centro econômico do país e agora destruído depois de mais de um mês de confrontos, provocaram a fuga da maioria da população civil, segundo fontes rebeldes.

"Tentamos ajudar quem continua aqui. Todos nos apoiam", declarou uma dessas fontes.

Neste sábado, a aviação do governo bombardeou vários bairros controlados pelos rebeldes.



Outras zonas hostis ao regime também eram bombardeadas, como a cidade de Deraa, berço da rebelião no sul, e localidades da província de Idleb (noroeste) e de Hama (centro).

Na região de Damasco, "dezenas de corpos de cidadãos não identificados" foram encontrados na cidade de Deraya, segundo o OSDH, que já havia comunicado a descoberta de "entre 40 e 50 corpos" na região, onde 109 civis e rebeldes morreram nos últimos quatro dias devido a uma vasta operação militar do regime sírio.

As descobertas macabras deste tipo, muitas vezes de pessoas vítimas de execução sumária, se multiplicam na Síria há várias semanas.

[SAIBAMAIS]Nestas circunstâncias, o novo mediador das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, disse nesta sexta-feira que se sente "honrado, orgulhoso, comovido e assustado" por sua missão, durante um encontro com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Brahimi, que tinha sido criticado pela oposição síria por não exortar o presidente sírio Bashar al-Assad a deixar o poder, afirmou também que o povo sírio será a sua prioridade.

"O povo sírio, antes de tudo. Colocaremos seus interesses acima de tudo. Aportaremos o máximo de ajuda que pudermos, não pouparemos esforços", declarou.

Depois da expiração, no sábado passado, do mandato da missão de observadores da ONU, seu chefe, o general Babacar Gaye, deixou Damasco neste sábado, segundo informações de seus assistentes.

A missão, encarregada desde abril de implementar o plano de cessar-fogo, que nunca foi aplicado, teve de interromper suas patrulhas em junho por causa da intensificação da violência.

A aviação e os tanques do regime de Bashar al-Assad atacaram na sexta-feira vários redutos rebeldes em toda a Síria, onde o conflito deixou mais de 4.000 mortos nas últimas três semanas, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Na quinta-feira, o vice-ministro das Relações Exteriores sírio, Faisal Meqdad, afirmou que a Síria cooperava com Brahimi a fim de estabelecer "um diálogo nacional" o quanto antes.

Ban Ki-moon informou que Brahimi terá por "tarefa essencial contribuir para a paz na Síria, a estabilidade e a promoção dos direitos humanos".

A reunião com Ban foi o primeiro gesto oficial do ex-ministro das Relações Exteriores argelino desde que foi nomeado para o posto de mediador, no dia 14 de agosto.

Brahimi substituirá, no dia 1; de setembro, Kofi Annan, que apresentou sua renúncia no dia 2 de agosto, alegando falta de apoio das grandes potências a seus esforços para pôr fim à violência no país que, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, causou cerca de 23.000 mortos em 17 meses.

O Conselho de Segurança da ONU está muito dividido sobre a Síria. A China e a Rússia bloquearam três propostas sobre sanções contra o regime de Assad.

Por fim, agência oficial síria Sana denunciou neste sábado como falsa uma mensagem enviada em seu nome por correio eletrônico na qual era anunciada a destituição do vice-presidente do país, Faruk al Shareh.

"Grupos que querem enganar (a opinião pública) criaram uma mensagem em nome da Sana, @sana.sy, e enviaram uma informação enganosa e inventada para alguns sites na Síria", indicou a agência.

O destino de Shareh é alvo de intensas especulações depois que a oposição assegurou que ele tentou desertar em 18 de agosto, uma informação imediatamente desmentida pelos meios oficiais.

Desde então, o vice não apareceu na televisão oficial ou pública.

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