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Assad promete vencer a qualquer preço e oposição denuncia chacina na Síria

Agência France-Presse
postado em 26/08/2012 12:00

Damasco - O presidente sírio, Bashar al Assad, declarou neste domingo sua determinação em arrasar ;a qualquer preço o complô; em andamento na Síria, mais de 17 meses depois da explosão da revolta contra seu regime, acusado pela oposição que ter realizado uma chacina perto de Damasco.

Assad apareceu pela primeira vez desde julho e se mostrou mais decidido do que nunca em acabar com o que definiu como "complô estrangeiro" contra seu país.

"O povo sírio não permitirá que essa conspiração atinja seus objetivos. O que está acontecendo agora não é dirigido apenas à Síria, mas à toda região", completou Assad ao receber um enviado do Irã em Damasco.

"A síria prosseguirá com sua estratégia de resistência (...), apesar da colaboração entre os países ocidentais e alguns Estados da região para que mude de posição", segundo o presidente.

Desde o início da revolta, o regime de Assad acusa aos rebeldes que combatem o exército sírio de ser "bandos terroristas armados" e a Arábia Saudita, Catar e Turquia de financiá-los e armá-los para semear o caos no país.

O cenário de violência também se intensifica no país, e o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) denunciou o regime de Bashar al Asad de ter realizado uma matança depois da descoberta de centenas de corpos em uma pequena cidade próxima a Damasco.

Cento e oitenta e três pessoas morreram no sábado, na Síria, sendo que pelo menos 34 em Daraya, perto de Damasco, denunciou neste domingo.

O balanço do OSDH é impossível de ser confirmado por fontes independentes pelas restrições impostas pelas autoridades sírias à imprensa.

Na madrugada de domingo, o OSDH informou a descoberta de dezenas de corpos não identificados na localidade de Daraya, na região de Damasco. As descobertas macabras deste tipo, geralmente corpos de vítimas de execuções sumárias, se multiplicam na Síria nas últimas semanas.

Desde o começo da revolta contra o presidente Bashar al Assad, em março de 2011, a violência deixou 25.000 mortos, segundo o OSDH, e mais de 200.000 sírios fugiram para países vizinhos, segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR).

Dois meses de combates em Alepp

Enquanto isso, violentos combates eram travados neste domingo entre rebeldes e soldados em Aleppo, a segunda cidade síria que entrou em seu segundo mês da chamada "batalha mais importante" pela libertação da Síria.

"Não temos armas suficientes e as forças do regime não têm homens suficientes", resumiu Abu Haidar, um combatente rebelde do bairro de Seif al Dawla, sudoeste de Aleppo.

"É uma guerra longa. Cada campo quer saldar suas contas, mas é uma guerra de desgaste que vai durar, com bombardeios e combates todos os dias", avalia, por sua vez, Rami Abdel Rahmane, chefe do OSDH, que se apoia numa rede de militantes e testemunhas na Síria.

Alguns comandantes rebeldes estão conscientes de que mesmo que o Exército Sírio Livre (ESL), uma coalizão de desertores e de civis que pegaram em armas, tome o controle da cidade, continuarão sob a ameaça das forças aéreas do regime, indiscutivelmente superiores.

O exército regular tenta posicionar seus tanques e homens nas principais ruas para isolar, um a um, cada bairro da cidade e, depois, limpar zona por zona.

"Bashar al Assad é agora como um animal ferido. Dessa forma, não espero que ele ou seu exército ajam de maneira lógica", explica Abu Mohamed, que dirige uma pequena brigada rebelde perto da cidadela de Aleppo.

Segundo a Anistia Internacional, as consequências destes combates são atrozes para os civis. Muitos morreram ou foram feridos quando estavam em filas para fazer compras.

Durante várias semanas, os rebeldes se prepararam para um poderoso ataque terrestre do exército para retomar a cidade, mas este ataque ainda não aconteceu.

Segundo seus comandantes, isso se deve ao exemplo dado pela cidade de Azaz, localizada 40 km ao norte de Aleppo, perto da fronteira turca.

As forças governamentais lançaram em fevereiro um importante ataque contra esta cidade rebelde de 70.000 habitantes, mas, depois de vários meses de combates, o ESL retomou o controle de Azaz no final de julho.

"O exército de Assad havia preparado um importante ataque terrestre, mas quando chegou a hora de lutar, os soldados estavam divididos e brigaram entre si", explicou Abddullah, que desertou do exército há um ano para unir-se à rebelião.

"Agora Assada sabe que não pode confiar em seus próprios homens se quiser enviar tropas terrestres", acrescentou.

Vice volta a aparece

O vice-presidente sírio Faruk Al Sharah, objeto de intensas especulações sobre uma suposta tentativa de deserção, apareceu em público neste domingo, pela primeira vez em mais de um mês, constatou um jornalista da AFP.

Al Sharah foi visto em público pouco antes de um encontro com Alaedin Borujerdi, presidente da comissão parlamentar de política externa do Irã, principal aliado do regime na região.

Em 18 de agosto passado, a oposição informou sobre uma tentativa de Sharah desertar, o que foi imediatamente desmentido pelos meios oficiais.

Desde então, o vice não havia aparecido na televisão oficial ou pública.

Sharah, a personalidade sunita mais importante dentro do poder alauíta, é um homem de confiança do regime e ocupou durante 15 anos o cargo de ministro das Relações Exteriores até que foi nomeado vice-presidente em 2006.

Na véspera, a agência oficial síria Sana denunciou como falsa uma mensagem enviada em seu nome por correio eletrônico na qual era anunciada a destituição de Sharah.

"Grupos que querem enganar (a opinião pública) criaram uma mensagem em nome da Sana, @sana.sy, e enviaram uma informação enganosa e inventada para alguns sites na Síria", indicou a agência.

"Trata-se de uma informação sobre a promulgação de um decreto presidencial através do qual se destitui o vice-presidente Faruk al Sharah depois de sua fuga do país", acrescentou a Sana.

"Esta informação é totalmente errônea (...) trata-se de uma mensagem fictícia", disse ainda.

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