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Assad afirma que precisa de tempo para vencer os conflitos na Síria

Agência France-Presse
postado em 29/08/2012 10:58
Damasco - O presidente sírio, Bashar al-Assad, inflexível depois de mais de 17 meses de um conflito devastador, mostrou-se decidido a vencer a guerra contra a rebelião, embora tenha admitido que isso levará tempo, em uma entrevista que será exibida nesta quarta-feira (29/8).

No momento em que a Síria está devastada pela violência que deixou dezenas de milhares de mortos, obrigou centenas de milhares de pessoas a fugir e destruiu uma parte de suas infraestruturas, Assad mostrou claramente que não está disposto a ceder, apesar dos muitos chamados para abandonar o poder."Posso resumir em uma frase: avançamos, a situação é melhor, mas ainda não vencemos. Isso ainda leva tempo", disse na entrevista à rede de televisão privada pró-regime Ad Dunia, que será exibida na íntegra na noite desta quarta-feira. Também considerou não realista a criação de uma zona de segurança na Síria para receber os refugiados, que deve figurar na ordem do dia de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU na quinta-feira em Nova York.

"Penso que falar de zonas de segurança não é uma opção que esteja sobre a mesa e, segundo, é uma ideia que não é realista, nem mesmo para os Estados hostis e inimigos da Síria", afirmou Assad, cujo país conta, desde o início da revolta, em março de 2011, com o apoio de Rússia e China no Conselho de Segurança. Assad ridicularizou inclusive as deserções de políticos e militares de alto escalão que sacudiram seu regime nos últimos meses, incluindo a do primeiro-ministro Riad Hijab e de várias pessoas próximas ao regime, diplomatas e muitos generais.

"Os patriotas e as pessoas de bem não fogem, não abandonam a pátria. Finalmente esta operação é positiva, é uma operação de autolimpeza do Estado, em primeiro lugar, e da nação em geral", lançou Assad. A Ad-Dunia não informou quando a entrevista foi gravada. As intervenções de Assad são pouco frequentes desde o início da revolta, desencadeada por manifestações pacíficas a favor de reformas democráticas, mas transformada em rebelião armada diante da brutal repressão do regime. Em suas últimas declarações, em 26 de agosto, Assad também se mostrou inflexível, prometendo vencer "a qualquer preço".

[SAIBAMAIS]"O povo não permitirá que um complô estrangeiro triunfe", disse diante de um emissário do Irã, seu principal aliado na região. O regime de Assad, que nunca admitiu a magnitude do protesto que teve início durante a Primavera Árabe, acusa a oposição e os rebeldes de serem "grupos terroristas" vendidos ao exterior que buscam semear o caos na Síria. Assad assegura que conta com o apoio de uma parte da população para acabar com a rebelião formada por desertores e civis que empunharam as armas. Os combates entre rebeldes e soldados não param, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) e os militares no local.



As principais frentes são a de Damasco e de sua periferia leste, assim como a de Aleppo, segunda cidade do país, e de Idleb, no norte. Mas a violência atinge muitas outras cidades. O Exército, apoiado por tanques e helicópteros, seguiu bombardeando a província de Damasco, de Aleppo, de Idleb e de Hama, para vencer a resistência rebelde e tomar o controle das cidades. Soldados e rebeldes lutavam na manhã desta quarta-feira também perto do aeroporto militar de Taftanaz, situado entre as cidades de Aleppo e de Idleb, disse o OSDH.

Foram ouvidas explosões procedentes deste aeroporto, de onde os aviões de combate e os helicópteros do exército regular decolam para bombardear os bastiões rebeldes, acrescentou. Na terça-feira, 189 pessoas morreram, entre elas 143 civis. Em mais de 17 meses, mais de 25 mil pessoas morreram, segundo o OSDH, e centenas de milhares de sírios se refugiaram nos países vizinhos, principalmente na Jordânia, Turquia e Líbano.

Em Paris, uma associação marroquina apresentou na segunda-feira uma denúncia contra Assad por tortura e barbárie contra menores sírios, informou nesta quarta-feira o advogado da associação, Emmanuel Ludot. Na denúncia, a Associação Marroquina para a Proteção da Infância e do Despertar da Consciência da Família lembra que a ONU incluiu em junho a Síria na "lista da vergonha", junto a protagonistas de conflitos que recrutam, utilizam e matam ou mutilam crianças.

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