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Agenda sobre acordo da Colômbia com as Farc prevê eventual cessar-fogo

Agência France-Presse
postado em 29/08/2012 19:34
Bogotá - Uma agenda que havia sido estabelecida pelo governo da Colômbia e pelas Farc, que vazou nesta quarta-feira (29/8) para a imprensa local, contempla a possibilidade de um cessar-fogo durante as esperadas negociaciones de paz.

O ex-vice-presidente Francisco Santos, primo do presidente Juan Manuel Santos, mas que pertence à corrente mais crítica em relação as suas políticas, divulgou em seu programa na rádio RCN um documento que havia sido elaborado em conjunto por delegados do governo e a guerrilha comunista em contatos que começaram no dia 23 de fevereiro em Havana.

O vazamento ocorreu no momento em que o país segue à espera de que o presidente Santos ofereça mais detalhes sobre as "negociações exploratórias" com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que o presidente autorizou e se será confirmada a abertura de negociações de paz.

No momento não houve reação oficial sobre o documento divulgado pelo primo do mandatário, que foi vice-presidente durante o mandato de Álvaro Uribe (2002-2010).

O texto apresenta os seis pontos da agenda que ambas as partes haviam elaborado para "iniciar conversas diretas e ininterruptas" para pôr fim ao conflito armado colombiano depois de quase meio século.

Também contempla uma colaboração de Cuba, Noruega, Venezuela e Chile nos diálogos, que seriam realizados em Havana.

No terceiro ponto da agenda, intitulado ;Fim do conflito;, deve ser abordado um "cessar-fogo e de hostilidades bilateral e definitivo".



Várias vozes ressaltaram nesta quarta-feira a necessidade de se estabelecer uma trégua durante as negociações, ao contrário do que ocorreu no último processo de paz que se arrastou por quatro anos até o seu fracasso em 2002.

"Nossa experiência global indica que os processos de paz funcionam melhor quando há um cessar-fogo", disse à imprensa Todd Howland, delegado de Direitos Humanos da ONU na Colômbia.

A ex-senadora Piedad Córdoba também considerou "muito importante que o governo e a insurgência estabeleçam um cessar (fogo) bilateral" com uma "revisão permanente da comunidade internacional".

Córdoba, que intermediou a libertação unilateral de dezenas de sequestrados das Farc, afirmou que este grupo armado e o ELN "estão dispostos a aceitar um cessar-fogo" e, em troca, criticou o tom agressivo de alguns ministros do governo Santos.

[SAIBAMAIS]O ELN (Exército de Libertação Nacional) é a segunda maior guerrilha esquerdista da Colômbia e Santos também a convidou para negociar.

O ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, advertiu: "Enquanto houver terroristas, criminosos, recrutadores de menores, pessoas dispostas a colocar bombas e a assassinar civis, como continua ocorrendo, estarei dizendo isso ao país".

O presidente Santos, em sua mensagem à Nação de segunda-feira, quando revelou os contatos, afirmou que "serão mantidas as operações e a presença militar em cada centímetro do território".

De acordo com a agenda que vazou, em primeiro lugar será discutida "a política de desenvolvimento agrário integral", uma questão historicamente defendida pelas Farc, uma organização de origem camponesa.

Os outros pontos a serem tratados, em uma ordem ainda não determinada, seriam os direitos e garantias de segurança para a participação política "dos novos movimentos" que surgirem após o acordo; a solução "para o problema das drogas" por meio da substituição de cultivos ilícitos; a indenização das vítimas, e o monitoramento dos pactos, com verificação internacional.

De acordo com o documento, a mesa de negociações será instalada publicamente em Oslo um mês depois do anúncio público, mas a sua sede principal será em Havana e "poderão ser realizadas reuniões em outros países".

Os diálogos terão o "apoio dos governos de Cuba e da Noruega como garantidores e dos governos de Venezuela e Chile como acompanhantes", além de outros países que podem ser convidados a participar, segundo o documento.

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