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José Eduardo dos Santos perto de uma cômoda vitória nas eleições em Angola

Agência France-Presse
postado em 01/09/2012 14:38
Luanda - O MPLA, do presidente angolano José Eduardo dos Santos, que está há 33 anos no poder, liderava com uma vantagem cômoda as eleições de sexta-feira, segundo resultados parciais divulgados neste sábado, e é o favorito para conseguir um novo mandato de cinco anos.

De acordo com resultados parciais, com 58% dos votos apurados, o Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA) registrava 74,46% dos votos, segundo a Comissão Nacional Eleitoral.

Seu rival histórico, a União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), tinha 17,9%; e o novo partido de oposição, o Casa, apenas 4,5%, acrescentou a porta-voz da CNE, Julia Ferreira.

A Comissão não divulgou até o momento os dados relativos à taxa de participação nestas eleições, o segundo processo eleitoral desde o fim da guerra civil em 2002. A votação se desenvolveu sem incidentes.

[SAIBAMAIS]Nestas eleições, os angolanos foram convocados para renovar os 220 membros de seu Parlamento. Segundo a nova Constituição adotada em 2010, o líder do partido vencedor se tornará automaticamente presidente da República por um período de cinco anos. Com isso, tudo leva a crer que o presidente José Eduardo dos Santos, de 70, vai permanecer em seu cargo.

O mandatário governa o segundo maior produtor de petróleo da África desde 1979, e nunca foi eleito diretamente pelo povo. Atualmente, ele mantém um forte controle das instituições, já que, além de chefe de Estado, é chefe das Forças Armadas, do Governo e da Polícia, e nomeia os principais juízes. Durante a campanha, José Eduardo dos Santos prometeu seguir com a reconstrução do país após a guerra civil que durou de 1975 a 2002, e redistribuir a riqueza.

Os meios de comunicação foram muito úteis para o governo, com amplos destaques para a administração nacional, deixando pouco espaço para a oposição.

Seu principal rival, o presidente da Unita, Isaias Samakuva, de 66 anos, denunciou durante toda a campanha a falta de transparência das eleições. Seu movimento, que obteve apenas 10% dos votos nas eleições de 2008, denuncia que a receita do petróleo beneficia exclusivamente a elite, a começar pela família Dos Santos. Samakuva esperava receber o apoio dos jovens angolanos, indignados com a construção de modernos arranha-céus na capital Luanda, enquanto 55% da população vive na miséria.

Em março de 2011, foram realizadas manifestações, primeiro pelos jovens que pediam a saída do presidente e o fim de um governo que consideram autoritário e corrupto. Depois, foram os ex-militares que retomaram os protestos, pedindo o pagamento de pensões. As manifestações acabaram sendo reprimidas.

"O MPLA será o partido vencedor das eleições, mas deve enfrentar uma contestação nos próximos cinco anos", prevê Bango Serra, da associação Justiça, Paz e Democracia, em geral, crítica ao poder.

"Essa contestação estará focada, em primeiro lugar, nos resultados, devido às dúvidas sobre a organização das eleições, e, depois, nas políticas sociais realizadas pelo partido", acrescenta.

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