Agência France-Presse
postado em 02/09/2012 16:54
Seul - Sun Myung Moon, o milionário sul-coreano que fundou a Igreja da Unificação e a transformou em um império multimilionário, morreu na Coreia do Sul aos 92 anos, anunciou a agência sul-coreana Yonhap, uma informação confirmada pelos porta-vozes.
Moon, que tinha sido hospitalizado no mês passado depois de sofrer complicações em decorrência de uma pneumonia, faleceu passadas as 2h de segunda-feira (hora local, 14h de domingo, hora de Brasília), informou um porta-voz do reverendo. Na sexta-feira, a seita havia informado que seu fundador sofria de um problema crítico nos órgãos vitais, que determinaram seu ingresso em terapia intensiva. No sábado, os médicos informaram que Moon tinha entrado "um estado irreversível de sua condição". O reverendo Moon tinha sido transferido na semana passada do hospital St Mary de Seul, aonde deu entrada em meados de agosto em terapia intensiva, para um centro médico pertencente à seita, no leste da capital sul-coreana.
"Estava esgotado nos últimos meses, pois apesar de sua idade, viajou todos os meses aos Estados Unidos", explicou o porta-voz da Igreja da Unificação, confirmando a notícia da morte do reverendo. A igreja tinha presença em vários países da América Latina, como o Brasil, onde possuía mais de 40 terrenos no Mato Grosso do Sul. "Meu coração está muito triste e todos os membros de nossa associação devem estar na mesma situação", declarou ao portal de notícias G1 Yasushiro Ishii, diretor da igreja em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. Sul-coreano, Moon nasceu em uma família de agricultores em uma região que atualmente faz parte do território norte-coreano. O reverendo dizia que aos 15 anos teve uma visão de Jesus pedindo que completasse a missão interrompida pela crucificação.
Segundo trechos de sua biografia publicada em seu site pessoal, ele foi torturado e mandado para um campo de trabalhos forçados enquanto pregava na Coreia após a Segunda Guerra Mundial. Foi libertado quando os guardas fugiram com o avanço das forças americanas durante a Guerra da Coreia. Depois de vagar pela cidade de Busan, no sul, como um refugiado de guerra, ele teria construído a sua primeira igreja nesta região, usando caixas de rações militares.
Rejeitado pelas igrejas protestantes coreanas, Moon fundaria em 1954 sua própria congregação, a Igreja da Unificação. Atualmente é uma das maiores e mais controversas comunidades religiosas do mundo, sendo considerada uma seita em vários países. A organização reivindica pregar em 200 países para três milhões de seguidores que se referem a Moon como "o verdadeiro pai" e o consideram "o único Messias da história humana". Seus ensinamentos são baseados na Bíblia, mas com novas interpretações, e são considerados heréticos por algumas organizações cristãs.
"A visão de Deus de Moon é essencialmente coreana, combinando xamanismo e padrões familiares confucianos ao modelo cristão", escreveu Michael Breen em seu livro, "The Koreans". "Seu Deus é o pai misericordioso que sofre em uma agonia solitária em um mundo de crianças más", explicou o autor. O movimento é conhecido pelas cerimônias de casamento que reúnem milhares de casais. Seu vasto império econômico abrange os setores da construção, da educação, da alimentação, da engenharia e da imprensa. A organização possui, entre outros, o jornal Washington Times.
Em 1991, Moon se reuniu com o então líder norte-coreano Kim Il-Sung em Pyongyang. Fez negócios com a Coreia do Norte, através de uma empresa associada à seita, Pyeonghwa (Peace) Motors, que desde 1999 se dedica à construção de automóveis no norte da península. O reverendo deixou 14 filhos, muitos dos quais trabalham em seu império. Hyung Jin Moon, o caçula dos homens, o sucedeu em 2008, então com 28 anos, à fente do movimento.