Agência France-Presse
postado em 02/09/2012 18:54
Yangun - Centenas de monges budistas marcharam neste domingo em Mianmar pedindo a aprovação da ideia, evocada pelo presidente birmanês Thein Sein, de que a minoria muçulmana rohingya seja expulsa do país ou forçada a se reunir em acampamentos. Os monges desfilaram em longas filas pelas ruas de Mandalay, no centro de Mianmar, em meio a uma multidão que manifestava apoio à medida.Em um cartaz se podia ler, "Protejamos a nossa Mãe Birmânia (antigo nome de Mianmar), apoiando o presidente", enquanto outros criticavam o enviado especial da ONU, Tomás Ojea Quintana, acusado de parcialidade a favor dos rohingyas.
Desde junho, a violência entre os muçulmanos rohingyas e os membros da etnia rakhine, budista, deixou pelo menos 90 mortos nestas duas comunidades no estado de Rakhine (oeste de Mianmar), segundo uma estimativa oficial. Grupos de defesa de direitos humanos consideram que o número real é muito maior.
Wirathu, um monge de 45 anos segundo o qual 5.000 monjes participaram da manifestação, disse à AFP que o objetivo era o de "mostrar ao mundo que os rohingyas não fazem parte dos grupos étnicos birmaneses". Os rohingyas, que falam um dialeto similar ao usado no vizinho Bangladesh, são considerados imigrantes ilegais pelo governo e por muitos birmaneses.
A violência no oeste do país provocou uma onda de ira em Mianmar, onde a população é majoritariamente budista. Oitocentos mil rohingyas, apátridas considerados pela ONU uma das minorias mais perseguidas do planeta, vivem confinados no Estado de Rakhine.
Não fazem parte de grupos étnicos reconhecidos pelo regime de Naypyidaw, nem por muitos birmaneses que os consideram, na maioria das vezes, bengaleses ileais e não escondem sua hostilidade contra eles.
Em meados de julho, o presidente birmanês Thein Sein avaliou que o único futuro para eles seria se reagrupar em acampamentos de refugiados ou a expulsão do país, segundo sua página oficial na internet.