Bogotá - O líder da guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Rodrigo Londoño Echeverry, conhecido como Timochenko, confirmou nesta segunda-feira (3/9) os diálogos exploratórios com o governo do presidente Juan Manuel Santos em busca de um acordo de paz.
"Chegamos à mesa de diálogo sem rancores nem arrogâncias", afirma o líder guerrilheiro em um vídeo, que teve o áudio retransmitido pela rádio Caracol, que informou que a declaração foi disponibilizada no site da guerrilha (www.farc-ep.co), momentaneamente bloqueado.
Esta é a primeira declaração das Farc depois do anúncio, em 27 de agosto, do presidente Santos de que seu governo realizou "conversações exploratórias" com a organização, com o objetivo de "buscar o fim do conflito" armado de quase 50 anos. A mensagem, com o título "vídeo pela paz", mostra também um grupo de jovens guerrilheiros cantando um rap a favor do diálogo, segundo a Caracol.
[SAIBAMAIS]Santos afirmou nesta segunda-feira que "sempre todas as guerras terminam com um tipo de acordo, de diálogo e por isto queremos acabar com este conflito através de um acordo e de um diálogo, sem que voltemos a repetir os erros do passado". "Com muita esperança, nós os colombianos estamos vendo se podemos encerrar este conflito que tantas dores provocou", completou em seu programa de rádio.
De acordo com o presidente colombiano, enquanto o diálogo prossegue, o governo manterá as operações militares em todos o país. O governo deve apresentar durante a semana mais detalhes sobre o processo de conversações. Desde os anos 80, as Farc tentaram em três ocasiões negociar a paz com os sucessivos governos da Colômbia, mas sem chegar a um acordo.
O fracasso mais recente foi o diálogo das Farc com o governo do presidente conservador de Andrés Pastrana (1998-2002) na zona de Caguán, um território de 42.000 quilômetros quadrados que foi desmilitarizado para permitir as conversações, o que a guerrilha aproveitou para ganhar força.
Segundo a imprensa, os contatos entre o governo de Santos e as Farc aconteceram desde o início do ano em Barinas (Venezuela) e Havana (Cuba), onde foi estabelecida uma agenda temática de negociação de seis pontos. De acordo com a versão, a mesa de diálogo começará em outubro em Oslo, e as negociações prosseguirão em Havana. Venezuela e Chile atuariam como observadores e Noruega e Cuba como avalistas.
As Farc, fundadas em 1964, são a principal guerrilha da Colômbia e contam atualmente com mais de 9.000 combatentes.
Na Colômbia também atua o Exército de Libertação Nacional (ELN), com cerca de 2.500 guerrilheiros.