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Obama retoma a defesa das causas minoritárias para tentar a reeleição

Agência France-Presse
postado em 03/09/2012 21:52
Charlotte - O presidente Barack Obama deverá comover esta semana a base do Partido Democrata reassumindo a postura de defensor das minorias, dos direitos civis e sociais nos Estados Unidos, em um momento em que a oposição afirma que ele não merece a reeleição, acusado de fracassar na recuperação da economia.

O Partido Democrata se reunirá a partir de terça-feira em Charlotte, Carolina do Norte (sudeste), para celebrar a convenção nacional e investir, na quinta-feira, Obama como candidato para as eleições de 6 de novembro, nas quais terá o republicano Mitt Romney como adversário.

A convenção democrata ocorre uma semana depois da republicana, em Tampa (Flórida, sudeste), na qual o multimilionário ex-governador de Massachusetts, Mitt Romney, foi oficializado candidato do Partido Republicano às presidenciais de 6 de novembro.

"A grande vantagem de Obama é que sua convenção acontecerá depois da republicana e pode ampliar seu próprio argumento", disse Larry Sabato, professor de Ciências Políticas na Universidade de Virgínia.

"Mas, em contraste com os republicanos, o presidente também falará sobre outros temas como a imigração e o aborto", disse Sabato.

"Se Obama ficar concentrado apenas na economia, tem grandes possibilidades de perder. Assim, tem que ampliar seu enfoque e incluir temas sociais", completou.

Nesta segunda-feira, Obama comparou seu adversário republicano a um diretor técnico, cuja estratégia conduz sua equipe diretamente ao fracasso.

Romney "disse que seria o técnico que levaria os Estados Unidos à vitória. O problema é que todo mundo conhece a estratégia", acusou Obama, falando a operários da indústria automobilística em Toledo, Ohio (centro), estado chave para as presidenciais.

"Durante o primeiro mandato, aumenta os impostos em U$ 2.000 dólares ao ano, em média, para as famílias com filhos para poder oferecer regalias fiscais aos multimilionários", relatou. Em seguida, "no período final, a apoteose com que sonha: o fim do Medicare (seguro médico para idosos...)", sustentou.

Quase 6.000 delegados se reunirão em Charlotte, cidade que já virou uma espécie de parque temático pró-Obama, com ativistas, conferências de grupos de defesa das políticas do presidente e, claro, estandes vender desde camisetas até molhos picantes com a imagem e o logo do primeiro presidente negro do país.

"É uma honra representar os jovens que consideram que o presidente Obama se comprometeu para reconstruir o país que merecemos no futuro", disse Alejandra Salinas, presidente do College Democrats of America, o braço da juventude democrata.

Salinas, estudante de Direito, de 22 anos, segunda geração de uma família mexicana do Texas, é ;super delegada;, título designado diretamente pelo partido e não eleito pelas bases.

"Esta convenção representa uma dupla responsabilidade, porque como latina também estou aqui em nome dos hispânicos, que sabem que contamos com o presidente para outros quatro anos", disse Salinas.

O prefeito de Los Angeles, Antonio Villaraigosa, presidente da Convenção Nacional Democrata, prometeu nesta segunda uma assembleia "acessível", "diversa" e cautelosa com a classe média afetada pela crise.



Líderes políticos e estrelas: Obama busca a sua
Nesta segunda-feira, feriado nos Estados Unidos pelo Dia do Trabalho, as ruas do centro de Charlotte viraram uma festa onde eram aguardados o cantor James Taylor, a presença do ator Jeff Bridges, além de milhares de simpatizantes do partido.

Entre terça-feira e quinta-feira, políticos famosos farão discursos na Time Warner Arena. Charlotte, cidade de 750 mil habitantes, recebe seguidores de Obama de todas as partes do país, além de 15 mil jornalistas credenciados.

O ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) será homenageado pelos democratas de seu estado, Arkansas, na terça-feira, em uma festa privada, com ingresso a 150 dólares, além das presenças da atriz Ashley Judd e do músico Will.I.Am, da banda Black Eyed Peas. No dia seguinte, Clinton discursará na convenção.

Como Ann Romney em Tampa, a primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, tentará na terça-feira apresentar uma imagem menos política do marido em um discurso, antes da apresentação de Julián Castro, prefeito da cidade de San Antonio, que será o primeiro latino a fazer o discurso principal de um dia da convenção.

[SAIBAMAIS]Na quarta-feira, a primeira-dama se reunirá com o grupo de delegados (caucus) hispânicos do partido, em um sinal da grande importância que a campanha de Obama dá a uma aproximação desta comunidade chave para vencer a eleição e que, segundo as pesquisas, apoia o presidente por ampla maioria.

Analistas e assessores do partido reconhecem que será difícil recriar o mesmo entusiasmo de 2008, quando chegavam ao fim os oito anos do republicano George W. Bush no poder, em meio a uma crise financeira cujas consequências ainda não foram superadas.

Até agora, o maior obstáculo do democrata é o índice de desemprego, parada em 8% contra 5% de média antes da crise.

Assim, Obama tem que defender sua luta pelas mudanças: a histórica reforma do sistema de saúde, a ordem para acabar com a restrição que obrigava os homossexuais a esconder a opção sexual nas Forças Armadas, a retirada do Iraque e a morte do líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden.

Obama insistirá no plano para elevar os impostos aos ricos e na manutenção do sistema de saúde para os idosos, além de demonstrar mais sensibilidade com a classe média que Romney, mas não será fácil retomar o entusiasmo provocado pela slogan de "mudança" que em 2008 o transformou em super-herói. Em 2012, sem o mesmo encanto, o democrata aposta na continuidade de seu trabalho.

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