Agência France-Presse
postado em 04/09/2012 15:48
Londres - O primeiro-ministro britânico, o conservador David Cameron, reorganizou nesta terça-feira (4/9) seu governo de coalizão, mas manteve em seus postos o impopular ministro das Finanças, George Osborne, o das Relações Exteriores, William Hague, e as principais figuras do gabinete.A principal novidade foi a promoção de Jeremy Hunt, que, apesar de sua ligação com o magnata das comunicações, Rupert Murdoch, envolvido no escândalo das escutas telefônicas ilegais, passou do ministério da Cultura para o da Saúde.
O Ministério dos Transportes ficou nas mãos de Patrick McLoughlin, no lugar de Justine Greening, que assume, por sua vez, a pasta do Desenvolvimento Internacional.
McLoughlin ficará encarregado da ampliação do aeroporto londrino de Heathrow, um dos expedientes mais urgentes do governo, que já é alvo de muitas críticas.
As mudanças no governo decididas por Cameron visam a rejuvenescer o gabinete, particularmente pelo lado do Partido Conservador, já pensando nas eleições de 2015.
Por esta razão, o veterano Ken Clarke, uma das figuras conservadoras mais favoráveis à União Europeia, deixa o Ministério da Justiça, que será assumido por Chris Grayling.
Cameron nomeou um homem de confiança, Andrew Mitchell, como chefe do grupo parlamentar, encarregado de assegurar a disciplina dos deputados que não poupam críticas ao governo.
Theresa Villiers foi nomeada ministra para a Irlanda do Norte, onde foram registrados incidentes recentemente.
Em compensação, Cameron resistiu à pressão para tirar Osborne das Finanças. Sua impopularidade ficou patente na segunda-feira passada quando foi vaiado no Estádio Olímpico por 80 mil espectadores que assistiam aos Jogos Paralímpicos.
Outra figura de peso, a ministra do Interior Theresa May, manteve seu cargo.
Por sua vez, os liberais democratas reintegraram no governo uma de suas jovens figuras, David Laws, que ocupará a pasta da Educação Secundária.
Laws, ex-banqueiro de boa reputação, que havia sido obrigado a renunciar a seu posto de secretário de Estado do Tesouro por uma questão envolvendo gastos, está convocado, segundo observadores, a assumir funções mais importantes no futuro. Em compensação, a promoção de Jeremy Hunt surpreendeu os analistas políticos.
Hunt estava aferrado a seu posto, apesar das acusações de que estava envolvido no escândalo da News Corp. de Murdoch, algo que sempre desmentiu.
O prefeito de Londres, Boris Johnson, criticou a saída de Greening do Ministério dos Transportes.
Boris Johnson, uma figura conservadora carismática, fortalecida pelo êxito dos recentes Jogos Olímpicos de Londres, disse que vai se opor a qualquer tentativa de ampliação do aeroporto de Heathrow.
Cameron prometeu reativar a economia, mas rejeitou os pedidos para abandonar a política de controle dos déficits por meio de um corte dos gastos públicos, o que acarreta uma impopularidade cada vez maior.
Na última pesquisa difundida pelo jornal Sunday Times, os conservadores obtêm apenas 35% de apoio; seus sócios liberais democratas, 9%, enquanto os trabalhistas, principal força da oposição, obtêm 41% das opiniões favoráveis.