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Polícia investiga motivos de ataque em Quebec após vitória de separatistas

Agência France-Presse
postado em 05/09/2012 13:31
Montreal - A polícia de Quebec está tentando descobrir os motivos que levaram um homem de 62 anos a abrir fogo na noite de terça-feira (4/9) contra uma multidão que assistia ao discurso de Pauline Marois, a nova primeira-ministra, em comemoração a vitória eleitoral de seu partido.

Os separatistas do Partido Quebequense (PQ) venceram as eleições legislativas na terça-feira. O tiroteio matou uma pessoa e feriu gravemente outra. O autor do atentado foi preso pela polícia atrás da sala de concertos Metropolis, onde acontecia o evento. "A polícia de Quebec está encarregada, dentro de suas obrigações de proteção do Estado, de estabelecer quais foram as motivações da agressão, enquanto uma investigação é realizada em conjunto com o Serviço de polícia da cidade de Montreal", declarou Guy Lapointe, porta-voz da polícia do Quebec. As autoridades não foram capazes de confirmar se o homem, de 62 anos, tinha como alvo Marois.

"Duas armas foram encontradas" com o suspeito, indicou Ian Lafreniere, da polícia de Montreal. De acordo com fotos tiradas pela televisão canadense, uma delas era uma Kalashnikov. O atirador abriu fogo do lado de fora da sala de concertos e, antes de ser preso, tentou atear fogo em uma porta de acesso à sala de concerto. O suspeito "não ofereceu resistência física" durante sua prisão, informou Lapointe. Os investigadores examinaram na manhã desta quarta-feira o veículo pertencente ao suspeito, estacionado perto da sala de concertos.

[SAIBAMAIS]Eles encontram "a mesma substância que foi usada para atear fogo na porta", mas não outras armas. O incidente interrompeu o discurso de Marois, que foi retirada do palco por seus guarda-costas segundos depois do ataque. Ela havia acabado de declarar que "o futuro do Quebec é se tornar um país soberano". Alguns membros da comunidade anglófona de Quebec temem que a chegada ao poder dos separatistas possa provocar um efeito negativo sobre o status da província. Minutos depois, Marois voltou ao palco para acalmar o público e concluir seu discurso.



Na primeira parte de seu discurso, Marois lançou um apelou à união, dirigindo-se também à oposição: "Amanhã de manhã, vamos todos ter de trabalhar um com o outro. Vamos trabalhar em conjunto com todos os outros para servir os quebequenses". Em Ottawa, o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, saudou a eleição de Marois, criticando, contudo, suas ideias de independência. "Nós não acreditamos que os quebequenses querem reabrir as velhas disputas constitucionais", declarou o dirigente conservador.

Margem de manobra limitada

O PQ retorna ao poder da província de língua francesa após nove anos, e Marois é a primeira mulher à frente de um governo da história do Quebec. Ela terá que liderar um governo minoritário, sem ter o apoio de uma maioria parlamentar. Para isso, ela deveria ter ao menos 63 deputados em uma assembleia de 125 membros.

Segundo as últimas projeções, os separatistas e os liberais estão praticamente empatados em número de votos, com entre 31% e 32% dos votos. Mas, em razão do sistema uninominal majoritário de primeiro turno, o PQ obteve 54 cadeiras, o Partido Liberal, do atual primeiro-ministro Jean Charest, 50, e a Coalizão Futuro Quebec de François Legault, 19. As duas cadeiras que restam vão para o pequeno partido de esquerda, Quebec Solidário.

Os eleitores estão motivadas por um forte desejo de alternância, ao ponto de darem à eleição uma aparência de referendo contra Jean Charest. O atual primeiro-ministro, vencido em sua fortaleza de Sherbrooke, onde foi eleito por 28 anos, disse que "assumirá a responsabilidade pelo resultado desta noite". Mas deu a entender que pode continuar na liderança do partido, ao contrário das previsões de muitos cientistas políticos. "Haverá outros compromissos. Temos trabalho para terminar", disse.

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