Agência France-Presse
postado em 05/09/2012 20:15
Montreal - A polícia de Quebec está tentando descobrir os motivos que levaram um homem de 62 anos a abrir fogo na noite de terça-feira (5/9) contra uma multidão que assistia ao discurso de Pauline Marois, a nova primeira-ministra, durante a comemoração da vitória eleitoral de seu partido.Os separatistas do Partido Quebequense (PQ) venceram as eleições legislativas na terça-feira. O tiroteio matou uma pessoa e feriu gravemente outra. O autor do atentado foi preso pela polícia atrás da sala de concertos Metropolis, onde acontecia o evento.
"A polícia de Quebec está encarregada, dentro de suas obrigações de proteção do Estado, de estabelecer quais foram as motivações da agressão, enquanto uma investigação é realizada em conjunto com o Serviço de polícia da cidade de Montreal", declarou Guy Lapointe, porta-voz da polícia do Quebec.
A imprensa identificou o autor do ataque como Richard Henry Bain, um anglófono de 62 anos que em vive en Quebec e é dono de uma empresa de caça e pesca de Mont-Tremblant, 150 km ao norte de Montreal.
As autoridades ainda não foram capazes de confirmar se Bain, que foi preso imediatamente, tinha como alvo Marois.
"Duas armas foram encontradas com o suspeito", indicou Ian Lafreniere, da polícia de Montreal. De acordo com fotos tiradas pela televisão canadense, uma delas era uma Kalashnikov.
O atirador abriu fogo do lado de fora da sala de concertos e, antes de ser preso, tentou atear fogo em uma porta de acesso à sala de concerto. "O suspeito não ofereceu resistência física durante sua prisão", informou Lapointe.
Os investigadores examinaram na manhã desta quarta-feira o veículo pertencente ao suspeito, estacionado perto da sala de concertos.
Eles encontram a mesma substância que foi usada para atear fogo na porta, mas não outras armas.
O incidente interrompeu o discurso de Marois, que foi retirada do palco por seus guarda-costas segundos depois do ataque.
Ela havia acabado de declarar que "o futuro do Quebec é se tornar um país soberano".
Alguns membros da comunidade anglófona de Quebec temem que a chegada ao poder dos separatistas possa provocar um efeito negativo sobre o status da província.
Minutos depois, Marois voltou ao palco para acalmar o público e concluir seu discurso.
Na primeira parte de seu discurso, Marois lançou um apelou à união, dirigindo-se também à oposição: "Amanhã de manhã, vamos todos ter de trabalhar um com o outro. Vamos trabalhar em conjunto com todos os outros para servir os quebequenses".
Em Ottawa, o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, saudou a eleição de Marois, criticando, contudo, suas ideias de independência.
"Nós não acreditamos que os quebequenses querem reabrir as velhas disputas constitucionais", declarou o dirigente conservador.
Margem de manobra limitada
O PQ retorna ao poder da província de língua francesa após nove anos, e Marois é a primeira mulher à frente de um governo da história do Quebec.
Ela terá que liderar um governo minoritário, sem ter o apoio de uma maioria parlamentar. Para isso, ela deveria ter ao menos 63 deputados em uma assembleia de 125 membros.
Segundo as últimas projeções, os separatistas e os liberais estão praticamente empatados em número de votos, com entre 31% e 32% dos votos.
Mas, em razão do sistema uninominal majoritário de primeiro turno, o PQ obteve 54 cadeiras, o Partido Liberal, do atual primeiro-ministro Jean Charest, 50, e a Coalizão Futuro Quebec de François Legault, 19. As duas cadeiras que restam vão para o pequeno partido de esquerda, Quebec Solidário.
Os eleitores estão motivadas por um forte desejo de alternância, ao ponto de darem à eleição uma aparência de referendo contra Jean Charest.
O atual primeiro-ministro, vencido em sua fortaleza de Sherbrooke, onde foi eleito por 28 anos, disse que "assumirá a responsabilidade pelo resultado desta noite".
Mas deu a entender que pode continuar na liderança do partido, ao contrário das previsões de muitos cientistas políticos.
"Haverá outros compromissos. Temos trabalho para terminar", disse.