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Putin defende posições em temas variados como Síria e as Pussy Riot

Agência France-Presse
postado em 06/09/2012 10:40
Moscou - O presidente Vladimir Putin atacou o Pussy Riot, defendeu Julian Assange e rejeitou os pedidos feitos a seu país para que mude sua posição sobre a Síria, em uma longa entrevista exibida nesta quinta-feira (6/9) no canal público russo, Russia Today.

"Por que só a Rússia deveria reconsiderar sua posição? Talvez nossos parceiros em processos de negociação também deveriam mudar a sua", considerou o presidente russo. "Os acontecimentos dos últimos anos mostram que todas as iniciativas dos nossos parceiros não terminaram como eles esperavam", enfatizou.

"Os Estados Unidos (e seus aliados) entraram no Afeganistão. Agora pensam em uma única coisa: como sair de lá. E o que está acontecendo nos países árabes, Egito, Líbia, Tunísia, Iêmen? A ordem e o bem-estar reinam? E qual é a situação no Iraque?", prosseguiu. Também questionou a política ocidental de apoiar a oposição síria contra o regime de Damasco, um aliado tradicional de Moscou.

"Alguns querem usar os combatentes da al-Qaeda e outras organizações extremistas para alcançar seus objetivos na Síria. (...) Mas não podemos esquecer que, em seguida, essas pessoas vão atingir seus benfeitores", afirmou Putin, cujo país bloqueou até o momento todas as resoluções que previam sanções ou utilização da força contra o regime de Damasco no Conselho de Segurança da ONU.

Questionado sobre o caso do fundador do Wikileaks, Julian Assange, refugiado desde 19 de junho na embaixada do Equador em Londres para escapar de uma extradição à Suécia, onde é acusado de crimes sexuais, Putin caracterizou o caso como "político". "As autoridades britânicas decidiram extraditá-lo", observou. "O que significa isso? Isso pode ser entendido de dois pontos de vista, é claro", considerou o presidente russo, ressaltando que nenhuma garantia foi dada a Assange de que não seria entregue para os Estados Unidos.

[SAIBAMAIS]Os líderes russos expressaram em várias ocasiões simpatia pelo fundador do WikiLeaks, que também foi recrutado pelo canal Russia Today para entrevistar personalidades, como o líder do Hezbollah. "Por que colocaram Assange na prisão? Isso é democracia?", lançou Putin em dezembro de 2010. Sobre o caso dos membros do grupo Pussy Riot, que foram condenadas a dois anos de detenção por cantarem uma "oração punk" anti-Putin na Catedral de Moscou e que teve um impacto internacional, Putin afirmou que o Estado tem "o dever de proteger os sentimentos dos crentes".



Ele ressaltou seu desejo de se abster de comentar esta decisão de justiça e apenar permancer no plano da moral. Lembrou que o mesmo grupo de arte contestatória se filmou durante uma sessão de "sexo em grupo", organizado em 2008 em um museu zoológico de Moscou. A "performance", intitulada "B... é para o ursinho", ecoou na presidência de Dmitry Medvedev, cujo nome tem "urso" como palavra raiz. Questionado sobre sua intenção de "apertar os parafusos" na Rússia, Putin respondeu: "Se isso quer dizer exigir de todos, incluindo representantes da oposição, para que respeitem as leis, então sim".

Por fim, ele abordou as eleições presidenciais dos Estados Unidos, dizendo que o presidente democrata Barack Obama foi "uma pessoa sincera e queria realmente mudar as coisas para melhor", mas é impedido pelo "lobby militar" e pelo Departamento de Estado. Sobre sua capacidade de trabalhar com Mitt Romney, declarou que Moscou trabalhará "com aquele que o povo americano escolher", considerando as palavras hostis sobre a Rússia do candidato republicano uma "retórica eleitoral".

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