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Dois atentados a bomba atingem Damasco e UE discute ajuda a refugiados

Agência France-Presse
postado em 07/09/2012 12:56

Damasco - Dois ataques atingiram Damasco nesta sexta-feira, no momento em que milhares de manifestantes protestam novamente em todo o país pela saída do presidente Bashar al-Assad. Ao mesmo tempo, os chanceleres da União Europeia reuniram-se em Paphos (Chipre) para discutir a transição e ajuda aos refugiados sírios. A Comissão Europeia anunciou a liberação de 50 milhões adicionais para os civis.

Em Damasco, uma atentado com moto-bomba ocorreu em Ruknedin, na saída dos fieis da mesquita Al Rukniya, e provocou feridos entre os fieis, segundo a televisão estatal, citando cinco mortes entre os membros das forças de ordem. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma ONG que se baseia em uma rede de militantes, informou o mesmo número de mortes, acrescentando que seis policiais ficaram feridos.

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Desde o início da revolta, em março de 2011, as forças de ordem cercam as entradas das mesquitas e abrem fogo contra a multidão todas as sextas, dia tradicional de mobilizações no país, para impedir que manifestações se formem após a oração, segundo os militantes. Um segundo atentado, desta vez com carro-bomba, aconteceu duas horas depois entre o Palácio de Justiça e o Ministério da Informação, no bairro rico de Mazzé (oeste), de acordo com a televisão estatal. Vários carros foram atingidos, segundo a televisão, que não indicou um número de vítimas.

Os dois ataques foram atribuídos à "terroristas", termo utilizado pelas autoridades para designar os opositores e rebeldes que combatem o regime e exigem a saída de Assad.

[SAIBAMAIS]"Manifestações em massa" - Nas últimas semanas, os atentados se multiplicaram em Damasco, apesar das medidas de segurança tomadas pelo regime, que também não consegue conter as manifestações. Os protestos "massivos", segundo o OSDH, ocorrem em várias localidades rebeldes da província de Idleb (noroeste), assim como na província de Damasco. Em Harasta o Exército realiza operações para tentar esmagar a rebelião.

Para esta sexta-feira, os militantes protestaram sob o lema "Homs sitiada nos chama", em referência à terceira maior cidade do país, onde os bombardeios do Exército são constantes e a situação humanitária desastrosa.

Vídeos postados na internet mostram dezenas de jovens manifestantes nos bairros de Barzé e Assali, em Damasco. "Síria, uma revolta de dignidade e de liberdade", gritavam. Nos bairros de Shaar e Sakhour, no leste de Aleppo, as manifestações aconteceram, "apesar dos bombardeios", afirmou o OSDH.

Trinta e oito pessoas, incluindo 19 civis, morreram em meio à violência em todo o país, segundo o OSDH. Centenas de soldados, apoiados por tanques, atacaram Babbila, uma localidade próxima de Damasco, indicou o OSDH. Combates também aconteceram nos arredores de al-Qazzaz, no sudeste da capital, onde as forças de segurança prenderam dezenas de jovens. Além disso, os corpos de 16 homens foram descobertos em Harasta, segundo o OSDH, que indicou que alguns tinham marcas de tortura. Ontem, ao menos 45 corpos foram encontrados na mesma região. Essas descobertas macabras são frequentes há semanas.

Conter a crise humanitária - Neste contexto, os ministros europeus das Relações Exteriores tentam explorar os meios para ajudar a oposição síria, concentrando-se na crise humanitária. A Comissão Europeia vai desbloquear uma ajuda humanitárias adicional de 50 milhões de euros, elevando para 119 milhões de euros a contribuição da UE. A UE procura se proteger de uma eventual chegada de refugiados, enquanto a Turquia e a Jordânia, que já acolheram milhares de sírios, consideram que em breve não serão mais capazes de acolher todos que chegam diariamente.

As sanções contra Damasco estão em seu auge, e a UE apela há vários meses para que Assad dê lugar a um governo de transição. Mas o Conselho de Segurança da ONU tem suas ações dificultadas pelo veto da Rússia e da China, aliadas do regime sírio. O desafio da crise é grave, advertiram os ministros italianos e franceses, Giulio Terzi e Laurent Fabius. "Se não ajudarmos a Síria, a estabilidade no Oriente Médio ficará comprometida e a segurança na Europa, em todos os seus aspectos, (...) correrá grave risco", disseram eles. Seu homólogo espanhol, José Manuel García Margallo, estimou que a UE deve "reativar um plano para acabar com" a violência que já matou mais de 26.000 pessoas, desde o início da revolta, segundo o OSDH.

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