Agência France-Presse
postado em 08/09/2012 09:29
Cabul - Um adolescente matou seis pessoas perto do quartel-general da Otan e das embaixadas em Cabul, em um atentado suicida que ilustra a dificuldade dos afegãos em restabelecer a segurança no país, faltando dois anos para a retirada das forças internacionais.Os talibãs, que reivindicaram imediatamente o ataque, asseguraram que seu objetivo era atingir "a CIA" em represália pela decisão tomada na sexta-feira pelos Estados Unidos de incluir a rede Haqani, uma facção talibã ligada à Al-Qaeda, em sua lista negra de grupos terroristas.
Cinco outras pessoas ficaram feridas, informou à AFP Sediq Sediqi, porta-voz do ministério do Interior. "A maioria das vítimas é de crianças que se junto em torno da Isaf para vender objetos para os soldados da base", explicou um policial, segundo o qual o autor do atentado foi um menino de pouca idade que carregava os explosivos. "Um menino de 16 anos, a pé, se explodiu", declarou o general Ayub Salangi, chefe da polícia de Cabul.
O atentado, cometido perto do quartel-general da Isaf - a força armada da Otan - e da embaixada da Itália, foi realizado um pouco antes das cerimônias oficiais por ocasião do 11o. aniversário da morte do comandante Massud, o herói da resistência antissoviética e posteriormente antitalibã assassinado por camicases da Al-Qaeda em 9 de setembro de 2001.
A explosão ressoou na Zona Verde, o bairro da maioria das embaixadas, pouco depois de concluído o discurso pronunciado pelo vice-presidente primeiro Mohamad Qasim Fahim ante centenas de dignitários.
A polícia e as companhias de segurança privadas encarregadas da zona isolaram o perímetro do local do ataque, perto do quartel-general da Isaf, a força militar da Otan, da embaixada da Itália e de um prédio que abriga uma fundação em memória de Massud.
Dificuldade para garantir a segurança
Este ataque, o terceiro na capital este ano, demonstra que as forças afegãs, formadas pelas tropas da coalizão desde sua chegada no final de 2001, têm muitas dificuldades para garantir a segurança em Cabul.
E isso apesar de terem conseguido prender inúmeros rebeldes antes que possam agir, o que ilustra que os serviços de inteligência afegãos têm qualidade, segundo comentou uma fonte ocidental.
Os talibãs, através de seu porta-voz Zabiulah Mudjahid, reivindicaram o ataque, afirmando que foi cometido por um homem de 26 anos e não por um adolescente.
"O mártir tinha por objetivo uma célula de tortura da CIA em Cabul e conseguiu matar seis agentes", assegurou Mudjahid, disposto, como sempre, a exagerar as baixas infligidas ao inimigo.
Um porta-voz da Isaf assegurou que nenhum membro da Força Internacional foi atingido.
Fontes do hospital de emergências da capital afirmaram que as vítimas eram principalmente crianças.
"Os talibãs são animais", afirmou Hamid, de 23 anos, que acompanhava seu irmão de 15 anos, vendedor de chicletes e doces, ferido na explosão.
Apesar da presença de 117.000 soldados estrangeiros para apoiar os 340.000 militares e policiais afegãos, o governo de Cabul e seus aliados da Isaf não conseguiram derrotar a insurreição dos talibãs, expulsos do poder no final de 2001.
Os civis são os que pagam o preço mais alto neste conflito. Segundo a ONU, 1.145 civis perderam a vida no primeiro semestre de 2012, 80% dos quais nas mãos dos talibãs.