Agência France-Presse
postado em 12/09/2012 17:01
Haia - Os holandeses começaram a votar nesta quarta-feira (12/9) nas eleições legislativas antecipadas, consideradas um termômetro do sentimento anti-europeu em um dos países motores da zona do euro, nas quais os dois partidos pró-europeus são considerados favoritos.Os centros de votação foram abertos pouco antes das 07h30 locais (02h30 de Brasília). Liberais e trabalhistas estavam empatados nas pesquisas de intenção de voto realizadas na última semana.
Mais de 12 milhões de pessoas estão registradas para votar e as pesquisas de boca de urna devem ser divulgadas ao final da votação, às 21h (16h de Brasília).
A participação às 14h era de 27%, abaixo dos 29% registrados em 2010 no mesmo horário, segundo o instituto Ipsos Synovate. No total, cerca de 75% dos eleitores votaram na eleição anterior.
Em uma coincidência de calendário, a Corte Constitucional alemã autorizou nesta quarta-feira a adoção dos últimos mecanismos de salvamento da zona do euro, gerando grande incerteza sobre a gestão da crise financeira.
Praticamente empatados nas pesquisas, os liberais do atual primeiro-ministro Mark Rutte e os trabalhistas de Diederik Samsom devem conquistar 35 cadeiras cada, de um total de 150.
Os socialistas eurocéticos (extrema-esquerda) de Emile Roemer e a extrema-direita eurofóbica de Geert Wilders, que defende a saída da União Europeia, não recebem muito apoio e devem ficar de fora da formação de um governo de coalizão, de acordo com analistas.
Uma coalizão com liberais e trabalhistas ?
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"Vamos continuar com a nossa colaboração estreita com Alemanha e Finlândia para combater a crise do euro", declarou nesta quarta-feira Mark Rutte, favorável à austeridade: "a Grécia e os outros devem manter as suas promessas, ou então não poderemos ajudá-los".
Considerado mais próximo da posição francesa quanto à recuperação econômica, ele afirmou, contudo, que "é um erro de cálculo acreditar que a crise deve ser resolvida escolhendo entre Paris e Berlim".
"Uma coligação entre os liberais e trabalhistas parece inevitável", afirma o banco holandês Rabobank em uma análise das eleições, apesar das diferenças óbvias de opinião entre as duas partes sobre a austeridade.
Um governo de esquerda incluindo trabalhistas e socialistas, que temem o setor financeiro, não é totalmente descartado, especialmente se os trabalhistas vencerem a eleição, ressalta Rabobank.
Na Holanda, o posto de primeiro-ministro é tradicionalmente ocupado pelo líder do maior partido. Seja Diederik Samsom ou Mark Rutte, os analistas não esperam uma mudança radical na posição holandesa em termos de exigências orçamentais vis-à-vis os países do sul da Europa.
Holandeses pragmáticos
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Obrigados a lidar com um eleitorado cada vez mais hostil a planos para ajudar a Grécia e os "burocratas" de Bruxelas, trabalhistas e liberais, tradicionalmente pró-europeus, endureceram o tom com a UE durante a campanha.
"Eles dizem um monte de coisas durante a campanha e depois dizem a realidade: a Europa é importante", assegurou à AFP Michiel de Haan, um engenheiro de 30 anos que veio votar na Estação Central de Haia.
[SAIBAMAIS]A economia da Holanda, a quinta da zona do euro, é realmente voltada para o exterior, principalmente via Rotterdam, o maior porto europeu e quarto maior do mundo.
"O desafio é lidar com a crise e eu acredito que os holandeses são pragmáticos", disse por sua vez Schaapman Chris, de 44 anos. "O lugar da Holanda na Europa não vai mudar".
À tarde, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, pediu para que a União Europeia seja transformada em uma "federação de Estados-nação."
Resultado de um desacordo sobre o déficit público com o seu aliado no parlamento, o partido de Geert Wilders, o governo minoritário de centro-direita de Mark Rutte renunciou em abril.
Wilders tinha se recusado a apoiar um orçamento de austeridade imposto, segundo ele, pelos "ditames de Bruxelas".