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Tribunal solta ex-primeira-dama do Khmer Vermelho por transtornos mentais

Agência France-Presse
postado em 13/09/2012 12:28
Phnom Penh - tribunal de Phnom Penh, encarregado do julgamento do Khmer Vermelho, ordenou nesta quinta-feira (13/9) a libertação de Ieng Thirith, a ex-primeira-dama deste regime que deixou dois milhões de mortos entre 1975 e 1979, por considerar que seu estado mental não permite levá-la a julgamento.

A ex-ministra de Assuntos Sociais e esposa do ex-ministro do das Relações Exteriores Ieng Sary, sofre com perda de memória, demência e possivelmente Mal de Alzheimer. O tribunal enfatizou que esta libertação por motivos de saúde não significa que não tenha tomado "uma decisão sobre a culpabilidade ou inocência" da acusada, que permanece formalmente indiciada.

Em agosto, a promotoria recomendou a libertação de Ieng Thirith depois de boletins médicos que indicavam perda de lucidez da acusada. Em 2009, na abertura da audiência de apelação contra sua prisão, Thirith, acusada de crimes contra a humanidade por este tribunal patrocinado pela ONU, havia dito que se encontrava muito fraca.

No entanto, um pouco mais tarde, quando os promotores sugeriram que ela estava a par das atrocidades que eram cometidas no centro de detenção Tuol Sleng, onde foram torturadas mais de 12.000 pessoas na capital cambonjana, ela começou a proferir ameaças. "Não me acusem de assassina, caso contrário serão amaldiçoados para sempre e irão para o inferno", falou na ocasião.

[SAIBAMAIS] Em fevereiro passado, Kaing Guek Eav, mais conhecido por Duch e que foi diretor da prisão de Phnom Penh sob o regime do Khmer Vermelho, foi condenado à prisão perpétua, na primeira sentença definitiva do tribunal das Nações Unidas. A pena de morte está excluída pelo regulamento da corte.



Duch é o primeiro Khmer Vermelho julgado pelo tribunal híbrido, colocado em funcionamento em 2006 depois de vários anos de negociação entre o regime de Phnom Penh e a comunidade internacional. Um segundo processo, que julga as três mais altas personalidades políticas do regime que ainda estão vivas, todas octogenárias, começou no final de 2011. São o marido de Ieng Sary, Ieng Thirith, Khieu Sampan, presidente da "Kampuchea Democrática", e Nuon Chea, ideólogo do regime.

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