Mundo

Manifestações violentas em Sanaa e no Cairo contra filme anti-Islã

Agência France-Presse
postado em 13/09/2012 15:46

Sanaa - As manifestações contra o filme ofensivo ao Islã se tornaram violentas nesta quinta-feira com a morte em Sanaa de um manifestante durante um ataque à embaixada dos Estados Unidos e confrontos no Cairo.

Os protestos contra o filme produzido nos Estados Unidos também se espalharam pelo Iraque, Irã e Faixa de Gaza, enquanto vários países muçulmanos da Ásia reforçaram a segurança nas missões diplomáticas americanas devido à possíveis manifestações na sexta-feira, dia da grande oração semanal.

Estes protestos continuaram no dia seguinte a uma manifestação em frente ao consulado dos Estados Unidos em Benghazi, na Líbia, em que homens armados atacaram o edifício, matando o embaixador Chris Stevens e três outros diplomatas americanos.

O novo primeiro-ministro anunciou à AFP que há "importantes avanços" na investigação. "Temos nomes e fotos. Algumas prisões já foram realizadas" e outras estão em curso, declarou Moustapha Abou Shagour.

O filme "Inocência dos muçulmanos", do qual trechos foram difundidos na internet, provocou reações, às vezes violentas, em países muçulmanos, como aconteceu com a publicação das caricaturas de Maomé por um jornal dinamarquês em 2006.

Feito por um cineasta que se apresenta como um americano-israelense, o filme de baixo orçamento descreve a vida do Profeta e discute os temas da homossexualidade e pedofilia. Os atores falam inglês com um sotaque americano e apresentam os muçulmanos como imorais e violentos.

Aos gritos de "Ó Profeta, Ó Maomé" e "Khaybar Khaybar (nome da primeira batalha entre muçulmanos e judeus) ó judeus, o exército de Maomé está de volta", jovens enfurecidos invadiram na manhã desta quinta-feira a embaixada dos Estados Unidos em Sanaa e atearam fogo em três carros.

A polícia, disparando para o ar e fazendo uso de jatos de água, conseguiu dispersar os manifestantes rapidamente, de acordo com um correspondente da AFP no local.

Mas os manifestantes voltaram a se reunir um pouco mais tarde e um deles foi morto e cinco ficaram feridos pela polícia, que os impediram de voltar a entrar nas instalações da chancelaria, de acordo com os Serviços segurança.

O presidente iemenita Abd Rabbo Mansour Hadi declarou que estava "extremamente triste" e ofereceu suas "desculpas ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e ao povo americano". Ele deu a ordem para formar uma comissão de inquérito para punir os culpados.

Temos de proteger "os nossos hóspedes"

No Cairo, confrontos continuam de maneira esporádica nas proximidades da embaixada dos Estados Unidos entre manifestantes e policiais, que usaram gás lacrimogêneo. De acordo com o ministério da Saúde, 16 pessoas ficaram feridas na violência que começou à noite.

O presidente egípcio, o islâmico Mohamed Mursi, condenou os "ataques" ao Profeta Maomé, rejeitando também a violência, enquanto a Irmandade Muçulmana convocou protestos pacíficos na sexta-feira na saída das mesquitas.

"É nosso dever proteger os nossos hóspedes e aqueles que vêm do exterior. Peço a todos que levem em consideração, que não transgridam a lei no Egito e não ataquem as embaixadas", disse o presidente em um discurso televisionado.

O reino ultraconservador da Arábia Saudita condenou o filme produzido "por um grupo irresponsável", mas também "as reações violentas em vários países tendo como alvo os interesses americanos".

A secretária de Estado americano, Hillary Clinton, assegurou que o governo americano não tem "absolutamente nada a ver" com esse "filme repugnante e condenável", exortando os líderes políticos e religiosos a condenar a violência provocada pela difusão na internet.

No Irã, inimigo jurado dos Estados Unidos, onde o filme foi descrito como "vergonhoso", cerca de 500 pessoas marcharam sob os gritos de "Morte à América" e "Morte a Israel", perto da embaixada da Suíça em Teerã, que representa os interesses dos Estados Unidos no Irã.

Mais de 200 policiais e bombeiros impediram os manifestantes de se aproximar da chancelaria, que foi evacuada por precaução.

No vizinho Iraque, centenas de partidários do líder xiita Moqtada Sadr marcharam na cidade sagrada de Najaf, gritando palavras de ordem contra os Estados Unidos e Israel.

Em um comunicado, o influente clérigo xiita Moqtada Sadr pediu ao governo para proibir o acesso ao território iraquiano de cidadãos americanos e pediu ao Parlamento que aprove uma lei que proíba relações do Iraque com países onde "o Profeta e o islã são insultados ".

Segurança reforçada na Ásia

E na Faixa de Gaza, centenas de palestinos protestaram pelo segundo dia consecutivo contra os Estados Unidos. Um ministro do governo do Hamas convocou novos protestos para sexta-feira.

[SAIBAMAIS]Com medo de tumultos em Cabul, o presidente afegão, Hamid Karzai, adiou uma visita à Noruega, enquanto as autoridades paquistanesas disseram que esperam manifestações na sexta-feira.

A Indonésia, país muçulmano mais populoso do mundo, juntou-se ao Afeganistão para pedir ao YouTube para bloquear o acesso ao filme controverso. A Índia deixou em alerta seus efetivos destacados em torno dos edifícios americanos.

O presidente Barack Obama pediu para reforçar a proteção das embaixadas dos Estados Unidos no mundo, após o ataque e os protestos na Líbia.

Segundo um funcionário americano, os extremistas se aproveitaram de uma manifestação contra o filme em Benghazi, como "pretexto" para atacar o consulado.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação