Agência France-Presse
postado em 14/09/2012 17:46
Washington - Apesar das manifestações contra o Ocidente terem se intensificado no Oriente Médio, os Estados Unidos não podem tomar uma medida contra o autor do polêmico filme que desencadeou uma onda de protestos violentos nos países muçulmanos em função da garantia constitucional de liberdade de expressão.O filme, que apresenta os muçulmanos e seu profeta Maomé como pessoas imorais e violentas, acirrou os ânimos no Egito e na Líbia, com os protestos estendendo-se para outros países da África e da Ásia.
Apesar de as autoridades terem reforçado a segurança em todas as sedes diplomáticas que são alvos da revolta dos muçulmanos, não podem legalmente impedir a divulgação do filme "A inocência dos muçulmanos", uma produção de baixo orçamento realizada nos Estados Unidos e financiada por um produtor ligado à igreja cristã copta, identificado como Nakula Basseley Nakula, de 55 anos, que mora na Califórnia.
"Eu sei que é difícil compreender por que os Estados Unidos não podem proibir este tipo de vídeo, mas quero ressaltar que, com as tecnologias modernas, isso é impossível. Mas, inclusive, se não o fosse (...) não podemos impedir que os cidadãos expressem seus pontos de vista, mesmo quando não compartilhamos deles", explicou a secretária de Estado Hillary Clinton.
[SAIBAMAIS]"Defender a violência é algo, inclusive, que está protegido pela Constituição. E neste caso, não se trata de violência, é apenas uma paródia e uma crítica da religião", declarou Eugene Volokh, professor da Universidade da Califórnia, falando a respeito do filme e sobre a liberdade de expressão garantida pela primeira emenda da Constituição americana.
Dessa maneira, Nakula não será processado pelas autoridades americanas, e ainda terá o benefício da proteção policial em sua residência, localizada na periferia de Los Angeles, e onde permanece recluso por medo de represálias.
Steve Klein, um cristão evangélico que admite ter trabalhado como consultor do filme, afirmou que não se sentia responsável pela morte dos quatro americanos em Benghazi.
"Eu não assassinei essas pessoas, são eles (os manifestantes na Líbia) que apertaram o gatilho. Foram eles que assassinaram o embaixador", afirmou à cadeia televisão CNN.
Algumas partes do filme de baixo orçamento, difundidas na internet ou por canais de televisão privados, fazem referência à vida de Maomé e tocam em temas como a homossexualidade e a pedofilia, apresentando os muçulmanos como imorais e gratuitamente violentos.