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Mais cinco pessoas morrem em manifestações contra filme anti-Islã

Agência France-Presse
postado em 14/09/2012 18:31

Cartum - Milhares de muçulmanos protestaram nesta sexta-feira (14/9) em vários países para denunciar o filme produzido nos Estados Unidos que ofende o Islã, o que desencadeou novos atos de violência que causaram cinco mortes, principalmente no Líbano e na Tunísia.

O filme, no qual os muçulmanos e o profeta Maomé são apresentados como imorais e violentos, inflamou as ruas do Egito e da Líbia na terça-feira, antes dos protestos se espalharem para outros países, tendo como alvo principalmente as embaixadas americanas.

Neste contexto, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, considerou o filme como "repugnante", apelando para "a calma e a razão", enquanto o papa Bento XVI, em visita ao Líbano, pediu aos judeus, muçulmanos e cristãos que "erradiquem" o fundamentalismo.

O presidente Barack Obama pediu que os Estados Unidos resistam à violência das manifestações contra os americanos em países árabes.

Os países árabes "não trocaram a tirania de um ditador pela tirania das massas", declarou por sua vez a secretária de Estado americano, Hillary Clinton, em referência à Primavera Árabe que resultou na chegada de muçulmanos ao poder em vários países, como a Tunísia e o Egito.

Em Túnis, três pessoas morreram e 29 ficaram feridas em confrontos violentos com a polícia, que não conseguiu conter os manifestantes nos arredores da embaixada americana na capital da Tunísia.

Ao menos mil islâmicos radicais entraram nas dependências da embaixada. Uma bandeira preta e outra branca, cores do movimento salafista, foram hasteadas no telhado da missão diplomática.

Os manifestantes também incendiaram os prédios de uma escola americana situada nas proximidades.

O primeiro-ministro Ahmadi Jebali, um islamita moderado, disse estar "profundamente preocupado" com o ataque e seu governo pediu calma aos manifestantes.

Em Cartum, cerca de 10 mil manifestantes atacaram as embaixadas britânica e alemã, que foi incendiada e teve sua bandeira nacional substituída por um símbolo islamita. Um manifestante morreu enquanto a polícia dispersava as pessoas.

"Obama, Obama, nós somos todos Osamas"

No Líbano, um manifestante foi morto e outros 25 ficaram feridos em confrontos em Trípoli (norte) entre as forças da segurança e centenas de islamitas que incendiaram um fast-food americano, segundo um membro do serviço de segurança.

Na Síria, cerca de 200 manifestantes organizaram um protesto em frente à embaixada americana em Damasco, que está fechada há vários meses, segundo um jornalista da AFP. Silenciosos, eles exibiam cartazes contra o filme.

Na Líbia, dezenas de islamitas radicais manifestaram em Benghazi (leste) sob os gritos de "Obama, Obama, nós somos todos Osamas", em referência a Osama bin Laden, ex-chefe da Al-Qaeda.

Em Sanaa, a polícia atirou para o ar para dispersar centenas de manifestantes que se aproximavam da embaixada americana, informou um correspondente. Também foram utilizados jatos d;água para dispersar os manifestantes reunidos a 500 metros da missão diplomática, onde a bandeira americana foi queimada.

No Cairo, a poderosa Irmandade Muçulmana, do presidente Mohamed Mursi, retirou sua convocação para manifestações em todo o país, mas manifestantes continuaram a enfrentar durante todo o dia a polícia em frente à embaixada americana.

Na península do Sinai, beduínos atacaram a base da Força Multinacional de Observadores, deixando três feridos.

Milhares de pessoas também protestaram no Iraque, na Faixa de Gaza controlada pelo Hamas e em Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel, assim como no Irã.

Um filme considerado "uma agressão"

[SAIBAMAIS]Na Ásia, cerca de 10.000 manifestantes queimaram em Dacca as bandeiras americana e israelense, e tentaram invadir a embaixada americana. "Nós não toleraremos insultos ao nosso grande profeta", gritavam.

No Paquistão, protestos em grandes cidades exigiam a morte do realizador do filme, e na Indonésia, cerca de 350 islamitas radicais manifestaram em Jacarta contra a "declaração de guerra" que representa o filme.

As reações, por vezes violentas, provocadas pelo filme "A inocência dos muçulmanos" lembram a ira desencadeada pela publicação da caricatura do profeta Maomé por um jornal dinamarquês.

Realizado por um cineasta que se apresentou como um israelense-americano e que, segundo a imprensa dos Estados Unidos, seria um cristão copta, o filme, de uma qualidade cinematográfica péssima, ofende os muçulmanos, a quem apresenta como imorais e violentos.

A secretária de Estado americano, Hillary Clinton, assegurou que o governo americano "não tem absolutamente nada a ver com este filme repugnante e condenável".

A chanceler alemã, Angela Merkel, condenou o ataque contra a embaixada alemã em Cartum, expressando sua "preocupação" com a violência no mundo árabe.

Os Estados Unidos trabalham com os países do Oriente Médio e da África do Norte, principalmente Sudão e Tunísia, anunciou por sua vez um membro do Departamento de Estado.

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