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Negociador das Farc com o governo diz que "guerra precisa ter fim"

Agência France-Presse
postado em 15/09/2012 18:03
Havana - A guerrilha das Farc chegará ao diálogo com o governo colombiano empenhada em "por fim" ao conflito armado, disse neste sábado à AFP o comandante Ricardo Téllez, ao qualificar o ex-presidente Alvaro Uribe "um dos maiores obstáculos à paz".

"O que defendemos é que a guerra tenha fim. Este é o nosso objetivo. Não se trata de uma trégua, mas a trégua, um cessar-fogo, armistício poderia ajudar a evitar mais mortes", destacou Téllez sobre a posição do governo colombiano de manter as operações militares durante o diálogo.

"O importante é acabar com o conflito armado" na Colômbia, insistiu Téllez, um dos cinco negociadores designados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para o diálogo com o governo.

O comandante Téllez, cujo verdadeiro nome é Rodrigo Granda, chamou o ex-presidente Alvaro Uribe de "franco-atirador da paz" e pediu ao presidente americano, Barack Obama, que pare de conceder ajuda militar a Bogotá.

"É preciso destacar que neste momento o senhor presidente dos Estados Unidos apoia o início das conversações ou diálogos com as Farc e gostaríamos que esta expressão fosse acompanhada pela redução ou suspensão da ajuda militar à Colômbia".

"Esta seria a melhor contribuição dos Estados Unidos, com a retirada de seus assessores militares da Colômbia, sem suas bases militares no país, deixando aos colombianos a solução de seus problemas ...".

"Ninguém ignora que a guerra na Colômbia (...) é produto da intervenção americana. Nos anos 60 o pretexto era a revolução cubana, que não queriam vê-la repetida no continente", disse Téllez, antes de criticar o Plano Colômbia, acertado em 1999 entre Washington e Bogotá e pelo qual os Estados Unidos entregaram mais de 8 bilhões de dólares para o combate à guerrilha e ao tráfico de drogas.

"O Plano Colômbia teve como pretexto o narcotráfico, mas sua essência era o combate à rebelião e isto é uma vergonha para nosso país".

"Este Plano Colômbia deveria derrotar as Farc em dois anos (...) mas levou a oito anos de guerra muito intensa, muito cruel, sem nenhum princípio por respeitar".

Téllez afirmou que Uribe e a extrema direita colombiana rejeitam o processo de paz.

"Neste momento, a extrema direita, liderada pelo senhor Alvaro Uribe Vélez, este homem que é totalmente rancoroso, um psicopata, um franco-atirador da paz e um homem que faz jorrar sangue por todos os lados", é contrária ao processo de paz.

Segundo Téllez, o diálogo também é rejeitado por "setores muito poderosos ligados à grande indústria e ao comércio que (...) veem ameaçados seus interesses econômicos a longo prazo e temem a abertura das comportas para que o povo possa se expressar livremente".

Téllez revelou ainda que a guerrilha quer a presença de Simón Trinidad, preso nos Estados Unidos, na mesa de diálogo que será instalada no dia 8 de outubro, em Oslo, com o governo do presidente Juan Manuel Santos em busca de um cessar-fogo.

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