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Papa pede paz e pelo "silêncio das armas" para Síria e Oriente Médio

Agência France-Presse
postado em 16/09/2012 10:46
BEIRUTE - O papa Bento XVI pediu neste domingo em Beirute, Líbano, pela paz e pelo "silêncio das armas" na Síria e no Oriente Médio, região afetada por mudanças radicais nos últimos dois anos, durante uma missa realizada ante uma multidão de 350.000 pessoas, segundo os organizadores.

"Que Deus conceda a vosso país, à Síria e ao Oriente Médio, o dom da paz nos corações, o silêncio das armas e o fim de toda a violência", disse o pontífice em Angelus após a missa.

No terceiro dia de sua visita ao Líbano, em uma esplanada em frente ao mar, o pontífice disse: "Voltemo-nos agora para Maria, Nossa Senhora do Líbano, em torno da qual se reúnem cristãos e muçulmanos. Pedimos que ela interceda por vós e, em particular, pelos habitantes da Síria e dos países vizinhos, implorando o dom da paz".

Bento XVI pediu à comunidade internacional e aos países árabes para que encontrassem soluções para os sangrentos conflitos que assolam a região.

"Peço à comunidade internacional, aos países árabes para que, como irmãos, proponham soluções viáveis que respeitem a dignidade de cada pessoa, seus direitos e sua religião. Quem quer construir a paz deve cessar de ver no outro um mal a eliminar", disse o Papa.

Segundo o papa, a mensagem central de sua visita é a coexistência pacífica entre cristãos e muçulmanos, em uma sociedade "pluralista".

O presidente libanês Michel Suleiman, único chefe de Estado cristão no Oriente Médio, e 300 bispos de 17 países da região estavam presentes na missa, onde foram cantados hinos em árabe e em latim.

Cada um dos bispos - chegados do Iraque, da Palestina ou do Egito - recebeu um exemplar da "Exortação apostólica" que o papa redigiu a partir de conclusões do sínodo dos bispos para o Oriente Médio, que foi celebrado em 2010 no Vaticano.

Trata-se de uma rota de fuga que os bispos deverão explicar a seus paroquianos em todas as dioceses. "Que nesta região, testemunho de seus atos e de suas palavras, siga ressoando o Evangelho como acontece há dois mil anos", desejou o pontífice.

Conforme revelou posteriormente aos jornalistas o arcebispo de Kirkuk, Monsenhor Louis Sako, o papa pediu aos bispos: "Amem aos muçulmanos, rezem por eles, são vossos irmãos".

Monsenhor Béchara Rai, por sua vez, o patriarca cristão maronita, havia expressado previamente ante Bento XVI: "Não dissimulamos em absoluto, Santo Padre, os sentimentos de temor e de medo ante o futuro desconhecido que sentimos como cristãos".

"Perseveramos para que tomem consciência nossos irmãos muçulmanos sobre a importância da diversidade de nossos países árabes e na comunhão inevitável entre eles e os cristãos, ambos atores como cidadãos", disse o patriarca maronita.

"Vossa visita histórica traz segurança neste tempo de instabilidade para um povo cristão que luta por confirmar suas raízes em sua terra", disse, estimando que a chamada "Primavera árabe" foi antecipada por uma "primavera espiritual cristã", no sínodo de 2010.

Monsenhor Rai pediu em particular por uma solução ao conflito palestino-israelense, ao qual Bento XVI não aludiu de forma específica.

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