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Rebeldes na Síria se declararam determinados a derrubar o regime pela força

Agência France-Presse
postado em 17/09/2012 12:39
Damasco - Os rebeldes na Síria se declararam determinados a derrubar o regime pela força, colocando em dúvida o sucesso da missão do mediador Lakhdar Brahimi, enquanto Paris denuncia crimes sem precedentes cometidos no conflito. Ao fim de uma missão de quatro dias em Damasco, o mediador internacional Lakhdar Brahimi se reunirá nesta segunda-feira com a Liga Árabe para discutir os resultados de seus encontros com o presidente Bashar al-Assad e líderes da rebelião.

Ele também participará no Cairo da primeira reunião do "grupo de contato" sobre a Síria (Irã, Egito, Turquia e Arábia Saudita), segundo um diplomata árabe. Os insurgentes consideraram que a missão de Brahimi está condenada ao fracasso por causa da violência contínua e o bloqueio das resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

Diante das graves violações neste conflito, que custou a vida de 27.000 pessoas em 18 meses, o presidente da comissão de inquérito da ONU sobre a Síria, o brasileiro Paulo Pinheiro, recomendou ao Conselho de Segurança "medidas apropriadas, enquanto os abusos aumentam em número, ritmo e intensidade".

Em um relatório, Pinheiro ressaltou "a gravidade das violações, abusos e crimes perpetrados" pelas forças governamentais e milícias pró-regime, assim como por "grupos anti-regime". Segundo Paris, este relatório é "devastador para o regime e reúne provas suficientes para considerar que crimes contra a humanidade e crimes de guerra foram cometidos em grande escala por parte do regime sírio e suas milícias".

De acordo com especialistas da ONU, uma lista confidencial de responsáveis foi elaborada, um primeiro passo para um possível. A organização Human Rights Watch (HRW) pediu ao Conselho de Segurança que acione o Tribunal Penal Internacional (TPI).

Em Aleppo já não se conta os funerais

[SAIBAMAIS] No terreno foram contabilizados mais 23 mortos, segundo um levantamento provisório do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Domingo, 148 pessoas morreram. Em Aleppo, os combates aconteceram nos arredores de prédios da aeronáutica e de um centro de pesquisas. Os confrontos também foram reiniciados no estratégico bairro de Midane. "Não contamos mais os enterros, mas as pessoas de Aleppo não têm mais como pagar os funerais", afirmou Abou Abdo, escultor de túmulos que perdeu sua esposa e quatro filhos em um bombardeio.



Apesar da violência, a imprensa oficial anunciou o início das aulas, mas segundo a Unicef, mais de 2.000 estabelecimentos escolares foram destruídos ou transformados em abrigos.

Derrubar o regime pela força

No domingo, um rebelde disse à AFP que a missão de Lakhdar Brahimi corria o risco de fracassar e que um regime que "dirige o país pela força só pode ser derrubado pela força", descartando a possibilidade de um diálogo com Damasco. Os insurgentes afirmam que pegaram em armas para defender a população civil contra a repressão sangrenta da revolta pacífica pela saída de Bashar al-Assad, que não reconhece a contestação.

A comunidade internacional continua dividida sobre uma resolução do conflito. O chefe do Estado Maior dos Estados Unidos, Martin Dempsey, discutiu nesta segunda-feira a crise síria com autoridades militares turcas em Ancara, enquanto o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan criticou a inação de Washington.

O Irã, outro aliado de Damasco, reconheceu publicamente pela primeira vez a presença na Síria e no Líbano de membros da Guarda Revolucionária, a guarda pretoriana do regime de Teerã, garantindo que eles eram "assessores" e não uma presença militar. Beirute pediu explicações oficias do Irã após este anúncio.

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